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Hospital Universitário tem a primeira greve em 19 anos

Médicos aderiram à greve da USP e paralisaram o atendimento no hospital da Cidade Universitária

Fachada do Hospital Universitário (UH) da Universidade de São Paulo (USP) (Marcos Santos/USP Imagens/Agência USP)

Fachada do Hospital Universitário (UH) da Universidade de São Paulo (USP) (Marcos Santos/USP Imagens/Agência USP)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2014 às 22h05.

São Paulo - Após professores e servidores da Universidade de São Paulo (USP) entrarem em greve (no fim do mês passado), ontem foi a vez de os médicos do Hospital Universitário (HU) aderirem ao movimento e paralisarem o atendimento na unidade, localizada na Cidade Universitária, zona oeste de São Paulo.

De acordo com a assessoria de imprensa do HU, foram suspensas por tempo indeterminado as consultas ambulatoriais e as cirurgias eletivas. Os atendimentos de urgência e emergência estão mantidos.

O HU não divulgou o número de pacientes prejudicados pela paralisação, iniciada ao meio-dia de ontem, após assembleia da categoria. É a primeira vez que o centro médico entra em greve em 19 anos.

O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) afirma que são 1,4 mil atendimentos diários na unidade.

O número envolve uma das reclamações dos médicos grevistas: a categoria afirma que a unidade tem capacidade para apenas 700 atendimentos diários, mas tem recebido o dobro de pacientes.

De acordo com o Simesp, a demanda é alta porque a região onde está localizado o Hospital Universitário tem carência de serviços de atenção primária. "É um hospital cujo objetivo seria formar médicos para atender com qualidade a população, e acaba respondendo por uma demanda assistencial muito grande", diz Gerson Salvador, diretor do Simesp e integrante do comando de greve.

O HU tem cerca de 280 médicos e, segundo o sindicato, todos aderiram à greve. Os profissionais decidiram manter 30% da equipe de plantão, em esquema de revezamento, para o atendimento dos casos de urgência.

Além de reclamarem da sobrecarga de trabalho, os médicos dizem ter aderido ao movimento grevista em apoio aos professores e servidores da USP - contrários ao congelamento de salários e a um possível corte de verbas para ensino e pesquisa na universidade.

"A USP e as demais universidades estaduais entraram em greve no dia 27 de maio. Na semana passada, os médicos e servidores do HU decidiram aderir, mas nós iniciamos a paralisação só hoje (ontem) porque, no nosso caso, temos de avisar o Conselho Regional de Medicina (Cremesp) e a direção do hospital sobre qualquer paralisação com 72 horas de antecedência", explica Salvador.

Ele diz que, embora a greve dos médicos esteja vinculada ao movimento geral dos servidores da USP, tem uma pauta própria de reivindicação que inclui a melhoria nas condições de trabalho dos médicos e a contratação de mais profissionais.

Uma nova assembleia de médicos foi marcada para a próxima segunda-feira, mas, segundo a categoria, ainda não há indicativo de que a paralisação será interrompida.

Questionado sobre a greve, o HU não informou se está em negociação com os profissionais nem se definiu algum esquema especial de atendimento durante o período de paralisação.

Universidades

A greve dos servidores e dos professores atinge, além da USP, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp) desde o dia 27 de maio.

Ela foi motivada pela decisão do conselho de reitores de dar reajuste zero às duas categorias em 2014. A grave situação financeira das instituições é apontada como motivo para o congelamento dos salários. Os docentes e servidores pedem 9,78% de aumento.

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