Apostador preenche Mega-Sena em uma casa Lotérica: eles receberam R$ 56,17 milhões, montante que é maior que a arrecadação anual da cidade, de R$ 42 milhões (Elza fiúza/ABr)
Da Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2014 às 13h50.
Sal - A Secretaria de Saúde de Teofilândia, cidade de 23 mil habitantes no sertão baiano, a 194 quilômetros de Salvador, elabora dia a dia, desde a virada do ano, um esquema especial de plantão para o funcionamento do único hospital do município, o Waldemar Ferreira de Araújo. Isso porque, dos 42 servidores que trabalhavam no local até o dia 31, 22 não são vistos no centro de saúde desde o dia 1º.
Integrantes de um bolão, eles fizeram uma das quatro apostas vencedoras da Mega-Sena da Virada. Receberam R$ 56,17 milhões, divididos em quatro cotas de R$ 4,32 milhões, para quem apostou R$ 10 no jogo, e 18 cotas de R$ 2,16 milhões, para os que apostaram R$ 5.
O montante é maior que a arrecadação anual da cidade, de R$ 42 milhões.
Na lista dos ganhadores está do diretor-administrativo da unidade, Valdemir Assis Santos, a quatro dos funcionários da limpeza, passando por cinco técnicas de enfermagem, cinco motoristas, três seguranças, duas cozinheiras, uma enfermeira e uma recepcionista. Desses todos, apenas Santos pediu exoneração, segundo a secretária de Saúde do município, Núbia Rios Leite.
"Quatro deles eram funcionários temporários, que tinham contratos vencendo no dia 31 e já não viriam trabalhar a partir do dia 1º", conta a secretária.
"Além deles, sabíamos que outros três, que estavam com férias agendadas para janeiro, não viriam. Recebemos seis pedidos de licença não remunerada, que já foram concedidas, mas ainda há oito funcionários que não apareceram, nem justificaram a ausência."
De acordo com Núbia, servidores da secretaria foram remanejados para manter as rotinas do local. "O hospital continua funcionando normalmente", diz. "Vamos providenciar a substituição dos servidores que decidirem se licenciar ou se exonerar."
O setor mais desfalcado foi o de motoristas. Dos seis funcionários encarregados de dirigir carros e ambulâncias, apenas um ficou fora do bolão - e, ainda assim, por não estar na cidade no dia que a aposta foi feita.
"Tive de viajar e os colegas preferiram adiantar a aposta, por isso fiquei de fora", conta Antônio de Jesus Matos, de 41 anos. "Quando soube (do resultado), fiquei abatido, mas estou torcendo por eles. Deus faz as coisas no tempo certo."
Segurança
Matos conta acreditar que um dos motivos para que os vencedores da mega-sena tenham se ausentado após receber o prêmio é a falta de segurança na cidade. Apesar de pequena,
Teofilândia tem vivido, segundo ele, uma onda de assaltos que deixa a população apreensiva. "Eles não se afastaram (do trabalho) por não gostar, mas por questões de segurança", avalia.
A lotérica na qual o jogo foi feito, a única da cidade, localizada no centro, por exemplo, foi assaltada duas vezes no último ano. "Temos enfrentado um problema de segurança", admite o prefeito Adriano de Araújo (PT).
"Tivemos uma onda de assaltos no ano passado e estamos reivindicando aumento do efetivo policial na cidade, mas não tivemos retorno da Secretaria de Segurança Pública." Trabalham na cidade oito policiais militares, em regime de revezamento, três policiais civis - dois agentes e um escrivão - e o delegado, Getúlio Queiroz.