Hospital Albert Schweitzer: centros estão superlotados e não terão capacidade de atender grandes emergências (Tomaz Silva/ Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2016 às 14h26.
Rio - A 21 dias da Olimpíada, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) concluiu que, se acontecer um acidente com múltiplas vítimas durante os Jogos, a rede carioca de saúde pública não terá capacidade de atender a todos.
A constatação foi feita a partir da fiscalização realizada pelos conselheiros entre os últimos dias 5 e 11 nos cinco hospitais designados como de referência para o atendimento de emergência durante as competições, de 5 a 21 de agosto.
Durante as visitas, a equipe do Cremerj verificou que todos os hospitais de referência - Souza Aguiar (Centro), Salgado Filho (Méier, zona norte), Miguel Couto (Gávea, zona sul), Albert Schweitzer (Realengo, zona oeste) e Lourenço Jorge (Barra da Tijuca, zona oeste) estão superlotados e sem capacidade para receber mais pacientes.
O relatório parcial das vistorias foi divulgado, nesta sexta-feira. O documento será entregue na próxima segunda-feira à Secretaria Municipal de Saúde. O presidente do Cremerj, Pablo Vazquez, afirmou que o quadro é "preocupante".
"Há uma superlotação, e as vagas para leitos estão escassas. Há a necessidade, não quero pensar no pior, em aumentar a estrutura de atendimento. Estou preocupado porque hoje há lotação e na Olimpíada teremos mais de 1 milhão de visitantes. Ainda dá tempo", disse.
Segundo Vazquez, outro fator que preocupa é a redução de verbas para a saúde. "O Rio teria que investir pelo menos 12% de seu orçamento na saúde. Tem investido 4%", afirmou.
De acordo com o vice-presidente do Cremerj, Nelson Nahon, a diferença entre o total do orçamento e o que foi investido até agora representa menos R$ 370 milhões aplicados na saúde.
"Teriam que ser investidos R$ 400 milhões. Em junho, só foram investidos cerca de R$ 25 milhões. Os hospitais estão precários, faltam medicamentos e as equipes médicas estão reduzidas", disse.
Ainda segundo o conselho, há a demanda diária de cem leitos para Centros de Tratamento Intensivo de pacientes em fila de espera.
Outra medida criticada foi a solução apresentada pela rede pública de, durante a Olimpíada, atender pacientes de média gravidade em uma cantina desativada no Salgado Filho, caso haja acidente com muitas vítimas.
"Nos disseram que construirão leitos no local. Mas nos preocupa que é um espaço aberto, ainda com os balcões da antiga cantina", disse Nahon.