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Hospitais filantrópicos de SP dizem ter 'kit intubação' para uma semana

A exemplo do que também vem sendo registrado na rede privada, os produtos em escassez são os sedativos e bloqueadores neuromusculares

Número de internados na UTI que precisam de intubação aumentou em relação à primeira onda (Jonne Roriz/Bloomberg/Getty Images)

Número de internados na UTI que precisam de intubação aumentou em relação à primeira onda (Jonne Roriz/Bloomberg/Getty Images)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 20 de março de 2021 às 17h05.

Última atualização em 20 de março de 2021 às 17h05.

Hospitais filantrópicos de São Paulo têm estoques de medicamentos indispensáveis no tratamento da covid-19 suficientes para apenas mais uma semana, alerta nota divulgada neste sábado, 20, pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado (Fehosp).

A exemplo do que também vem sendo registrado na rede privada, os produtos em escassez são os sedativos e bloqueadores neuromusculares que compõem o chamado "kit intubação", essencial para intubar e manter intubados pacientes em estado crítico. Sem os remédios, o número de mortes pela doença pode aumentar consideravelmente.

O aumento pela demanda dos remédios, a escassez de matéria-prima para produção e custos significativamente mais elevados são alguns dos fatores que levam à redução dos estoques. Estão em falta os bloqueadores neuromusculares Atracúrio, Cisatracúrio, o relaxante muscular Rocurônio, usado para facilitar a intubação, o anticoagulante henoxaparina e o sedativo fentanil, entre outros.

"Na primeira onda a intubação ocorria em 50% a 60% dos casos", explicou o diretor-presidente da Fehosp, Edson Rogatti. "Hoje, o que nós observamos é que 100% dos pacientes que precisam de UTI estão intubados; logo, aumentou de forma considerável o uso desses medicamentos."

Além disso, explicou Rogatti, os hospitais continuaram atendendo outros pacientes.

"Não deixamos de atender as outras demandas hospitalares, como traumas, oncologia, cardiologia e outras doenças que também demandam intubações", disse. "Agora, com o aumento dos casos de covid-19, principalmente dos que requerem UTI, estamos usando os bloqueadores neuromusculares e os sedativos em larga escala, o que está levando à escassez. E a escassez é um passo antes do desabastecimento."

Para agravar ainda mais a situação, houve um aumento substancial dos preços dos medicamentos. O rocurônio, por exemplo, que em dezembro de 2020 custava R$ 16 a unidade, está custando agora R$ 298 - um aumento de nada menos que 1.762%. O preço do atracúrio passou de R$ 14 para R$ 69. O propofol, por sua vez, passou de R$ 13 para R$ 33 e o fentanil de R$ 5 para R$ 10. Segundo os laboratórios farmacêuticos, o aumento da demanda teria provocado um aumento no custo das matérias primas, que são importadas.

"Em dezembro, já estávamos trabalhando com uma inflação que vinha desde o começo da pandemia", afirmou Rogatti. "Já vivenciamos isso no passado e, agora, estamos vivenciando de forma mais intensa por conta do aumento abrupto do número de casos. Com a escassez, alguns distribuidores que estocaram estão ofertando a preços absurdos em um momento tão crítico do enfrentamento. Se o hospital comprar a esse preço, não conseguirá manter sua sustentabilidade e irá sucumbir."

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