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Homem que esfaqueou homossexual na Avenida Paulista é preso

Fúvio Rodrigues de Matos confessou ter matado Plínio Henrique de Almeida Lima com um canivete na última sexta-feira, mas nega ofensas homofóbicas

Plínio de Almeida Lima, 30, foi morto na Avenida Paulista (Reprodução/Reprodução)

Plínio de Almeida Lima, 30, foi morto na Avenida Paulista (Reprodução/Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2018 às 12h11.

Última atualização em 26 de dezembro de 2018 às 14h04.

São Paulo - Um homem de 32 anos, acusado de assassinar a facadas um cabeleireiro gay na Avenida Paulista, na região central de São Paulo, foi preso no início da noite desta terça-feira, 25. Fúvio Rodrigues de Matos confessou o crime, teve a prisão temporária decretada e responderá por homicídio qualificado.

Plínio Henrique de Almeida Lima, de 30 anos, foi atacado com um canivete e morto na sexta-feira, dia 21. A Justiça decretou prisão temporária do homem, que foi levado à carceragem do 2º Distrito Policial (Bom Retiro).

A pena para homicídio qualificado é de 12 a 30 anos de prisão. O delegado Hamilton Costa Benfica, do 78º DP (Jardins), disse que o assassino nega homofobia e alega legítima defesa. "É homicídio qualificado porque houve motivo fútil da qualificadora. É uma morte por causa de uma mera discussão, em que o autor tira o canivete que já portava consigo e desfere no peito da vítima. O nosso entendimento é de que houve cunho homofóbico que gerou o crime de homicídio", afirmou o delegado.

"Ele assume o homicídio, mas nega as ofensas homofóbicas. Ele diz que quando estava subindo a rua começou uma leve chuva, eles se abrigaram da chuva um pouco, quando o grupo da vítima chegou ali também", disse Benfica.

À polícia, Matos conta que deu um golpe de canivete na vítima após uma discussão. Um dos rapazes do grupo de Almeida Lima teria amassado uma latinha e ameaçado o agressor com o objeto. O acusado diz ainda que outro colega do cabeleireiro teria dado um chute nele, que tirou o canivete da bolsa e desferiu o golpe em Almeida Lima.

As testemunhas, porém, diz o delegado, "são enfáticas ao narrarem uma série de ofensas homofóbicas". "Chegando próximo da Paulista, ele (Matos) teria falando 'gay deve morrer', o que ensejou aquele momento de entrevero mais forte, acabando com o golpe de canivete", explicou Benfica. A arma e as imagens de câmeras de segurança foram encaminhadas para perícia.

"Ele [Matos] está dizendo que foi em legítima defesa, mas em nenhum momento encostamos nele para atacar. Nós estávamos alegres, não sei o que passa na cabeça de uma pessoa dessa, foi a sangue frio mesmo", afirma Marco Antonio Marcondes Júnior, de 21 anos, que estava com a vítima na noite do crime. "Foi homofobia,, ele sacou a arma sem outro motivo, não conhecíamos ele."

O crime ocorreu por volta das 22h no cruzamento com a Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, Plínio Henrique de Almeida Lima, de 30 anos, voltava do Parque Ibirapuera, na zona sul, com outras três pessoas quando dois homens começaram a ofender o grupo. Ao chegar na Avenida Paulista, Almeida Lima teria questionado o autor do crime sobre o motivo das ofensas e o homem o feriu com uma facada no tórax.

Matos e o outro homem que estava com ele fugiram em direção à estação Brigadeiro do metrô. Plínio Almeida Lima foi socorrido para o Hospital das Clínicas, mas morreu no local.

O cabeleireiro estava acompanhado do marido com mais um casal de amigos gays. Eles tinham ido assistir a um show no Ibirapuera e voltam juntos para casa.

Atos Henrique Dias de Souza, de 30 anos, era um dos amigos que estava com Almeida Lima. Ele conta que, durante todo o trajeto do parque até a avenida Paulista, os agressores faziam ofensas ao grupo. "Eram ofensas homofóbicas porque estávamos de mãos dadas, eu e meu namorado e Plínio e o marido. Claramente foi um crime de homofobia", disse.

Para a família da vítima, não há dúvidas da motivação homofóbica do crime. "Antes do meu irmão ser atacado, ele e os amigos estavam sendo atacados. Infelizmente isso é o que acontece com gays, nós somos alvo", afirma Felipe de Almeida Lima, de  irmão de Plínio, que também é homossexual. "Estamos aliviados com a prisão, mas sabemos como é a lei nesses casos, só esperamos que ele continue preso e que a justiça seja feita. Espero que um dias pessoas se conscientizem. Nós não queremos aceitação dos outros, queremos respeito, é o mínimo."

Souza conta que Almeida Lima questionou os homens sobre o motivo das ofensas e um deles rapidamente puxou uma faca e o feriu na região do tórax. "Acredito que ele já estava com a faca na mão, porque não vimos ele tirar da mochila. Depois de esfaquear o Plínio, eles saíram caminhando em direção ao metrô. Eu fui atrás deles, mas eles me ameaçaram, dizendo que fariam o mesmo comigo."

Segundo Souza, Almeida Lima estava feliz porque tinha entrado de férias na sexta-feira. Ele fazia planos para passar o Natal com os amigos e a família. "Seria uma festa da nossa religião, o candomblé. Ele estava muito animado, planejando os próximos dias", contou. A vítima estava casada há 4 anos e era cabeleireiro, mas trabalhava também como auxiliar de cozinha.

 

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