Obras da Usina de Santo Antônio, em Rondônia: atualmente, 38 das 50 turbinas construídas estão em funcionamento (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 30 de março de 2016 às 15h01.
Porto Velho - A hidrelétrica de Santo Antônio completou nesta quarta-feira quatro anos de operação, com 76% de sua capacidade total de geração de energia, e espera atingir o rendimento máximo de produção antes do fim de 2016.
A usina, quarta maior do Brasil, foi construída no Rio Madeira, em Porto Velho. Com um investimento de cerca de R$ 19,5 bilhões, começou a operar em março de 2012 e abastece principalmente a região sudeste, além como os estado de Rondônia e Acre.
Atualmente, 38 das 50 turbinas construídas estão em funcionamento. Segundo o cronograma da hidrelétrica, a última unidade será colocada em funcionamento, momento no qual a usina atingirá capacidade de geração de 3.568 megawatts, energia suficiente para atender o consumo de 45 milhões de pessoas.
"Enfrentamos grandes desafios e o primeiro deles foi o de começar a gerar energia antes de terminar as obras", afirmou à Agência Efe o presidente da Santo Antônio Energia, Eduardo de Melo.
Outro dos desafios da companhia foi o de construir a estrutura causando o menor impacto ambiental possível, já que a hidrelétrica se encontra encravada no meio da floresta amazônica.
"A única forma de entrar na Amazônia era através da sustentabilidade. Tínhamos que causar o menor impacto possível e, para isso, era necessário reduzir o máximo possível os reservatórios", afirmou o diretor de operações da Santo Antônio Energia, Antônio Pádua.
O executivo lembrou que os estudos ambientais tiveram um valor 12 vezes superior ao habitualmente destinado a projetos similares.
Para reduzir os danos ambientais, a companhia optou por construir uma hidrelétrica do tipo "fio d'água", um sistema no qual a água do rio flui pelo leito com normalidade e conta com reservatórios muito reduzidos, portanto, diminuindo a superfície inundada.
A construção provocou a desapropriação de cerca de 600 famílias, que foram realocadas pela companhia em sete comunidades que contam com igrejas, escolas e casas de cimento, em vez de madeira.
Uma delas é a Vila Teotônio, onde a hidrelétrica ergueu casas para 57 famílias, 13 das quais participarão de um projeto de piscicultura para criar peixes e posteriormente vendê-los.
A pesca é uma das principais preocupações do projeto ambiental da companhia e, por isso, a Santo Antônio Energia construiu uma espécie de "escada" artificial para garantir a subida dos peixes para a desova no Rio Madeira.
"Recriamos da maneira mais natural para que os peixes possam subir e se esquivar da hidrelétrica", afirmou o coordenador de Meio Ambiente da Santo Antônio Energia, Kaio Ribeiro, que também acompanha de perto um projeto de pesquisa para reprodução de peixes em cativeiro.
Antes da construção da hidrelétrica, uma equipe se encarregou de monitorar os peixes do Rio Madeira, que conta com 3.300 quilômetros de extensão e é considerado pelos pesquisadores como um de maiores diversidades de espécies do mundo.
Os trabalhos de pesquisas, realizados em parceria com a Universidade Federal de Rondônia, permitiram criar o maior catálogo de peixes do Amazonas, com mais de 900 espécies, entre elas 40 que foram identificadas pela primeira vez.
Além da diversidade, o Rio Madeira possui uma grande quantidade de sedimentos e em suas águas flutuam vários troncos, o que obrigou a Santo Antônio Energia a criar um sistema específico para levar a madeira para longe dos geradores.
A hidrelétrica começou a ser construída em setembro de 2008 por um consórcio constituído por Furnas, que possui 39% das ações, Caixa FIP Amazonas Energia (20%), Odebrecht Energia (18,6%), SAAG (12,4%) e Cemig (10%).