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Henrique Alves faz ofensiva final pela presidência da Câmara

Decano da Casa, Alves, 64 anos, está no décimo primeiro mandato de deputado e há dois anos vem construindo a candidatura


	Henrique Eduardo Alves: o deputado inicia na segunda-feira uma série de agendas, com partidos aliados e da oposição, para evitar surpresas na disputa.
 (Renato Araújo/ABr)

Henrique Eduardo Alves: o deputado inicia na segunda-feira uma série de agendas, com partidos aliados e da oposição, para evitar surpresas na disputa. (Renato Araújo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 8 de fevereiro de 2013 às 12h34.

Brasília - Franco favorito na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), começa na próxima semana um roteiro de viagens pelo país para encontrar bancadas nos Estados e governadores de diversos partidos, na tentativa de assegurar apoio para a eleição de 4 de fevereiro.

Decano da Casa, Alves, 64 anos, está no décimo primeiro mandato de deputado e há dois anos vem construindo a candidatura, vista inicialmente com desconfiança pelo Planalto, entre aliados e dentro do PMDB, partido que no acordo com o PT irá ocupar a Presidência da Câmara pelos próximos dois anos.

O deputado inicia na segunda-feira uma série de agendas, com partidos aliados e da oposição, para evitar surpresas na disputa, que tem pelo menos dois outros candidatos independentes ou "correndo por fora": Júlio Delgado (PSB-MG) e a atual vice-presidente da Casa, Rose de Freitas (PMDB-ES).

"Em uma casa que elegeu Severino Cavalcanti, ninguém pode dormir no ponto", diz um deputado aliado citando a eleição em 2005 do então candidato recorrente, porém sem expressão, que corria por fora e venceu com os votos do chamado "baixo clero" da casa, parlamentares insatisfeitos com os demais concorrentes e seduzidos com promessas como aumento de verba de gabinete.

A primeira vitória de Alves foi vencer a resistência da presidente Dilma Rousseff e de integrantes do governo que, apesar de ainda o verem como uma liderança não tão fiel ao Planalto, tiveram que aceitar a indicação do PMDB.


Um caso em que Alves não seguiu à risca a orientação do Executivo foi a votação do projeto do Código Florestal, em que ele se chocou com o governo em diversos momentos, apesar de liderar o principal partido aliado do PT na gestão Dilma.

A partir de agora, ele começa um "corpo-a-corpo" com os colegas de Casa. Na segunda, ele vai ao Rio para encontro com empresários. Na terça, em Porto Alegre, se reúne com os deputados do Estado e o governador Tarso Genro (PT), ao lado do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do ministro peemedebista Mendes Ribeiro (Agricultura), que também é gaúcho.

À noite, já em Curitiba, se reúne com a bancada paranaense, com o governador Beto Richa (PSDB) e com o prefeito da Capital, Gustavo Fruet (PDT).

A agenda de quarta inclui governadores e deputados de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Na quinta, volta ao Rio e irá a São Paulo, onde espera reunir apoiadores peemedebistas de peso como o vice-presidente Michel Temer, o governador do Rio, Sergio Cabral, o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, e o aspirante à liderança do PMDB na Câmara --cargo que Alves deixará caso vença-- Eduardo Cunha (RJ).

Na semana seguinte, o deputado percorre as Regiões Norte e Nordeste, incluindo visitas aos governadores de Pernambuco, Eduardo Campos, e do Ceará, Cid Gomes, que são do PSB, partido de Delgado, que concorre por fora do acordo oficial da base aliada.


Apoios ecléticos - Nos últimos dias de campanha, Alves deve se dedicar a telefonar para os 513 deputados, para garantir os últimos votos de indecisos.

Na construção eclética dos apoios tanto dos aliados governistas quanto da oposição, Alves quer demonstrar que seu habitat é a articulação política. Em São Paulo, por exemplo, pretende reunir petistas e o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Para garantir a maioria, sua pauta foca nas atribuições da Casa e em pedidos bastante paroquiais dos deputados, como um percentual obrigatório de atendimento das emendas parlamentares por parte do governo ou a equiparação salarial com ministros do Supremo Tribunal Federal.

Há mais de 40 anos na mesma função, de deputado federal, Alves faz parte de um dos principais clãs do Nordeste e é filho do ex-ministro e ex-governador Aluísio Alves, morto em 2006, e primo do hoje ministro da Previdência e duas vezes presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB).

Com pouca sorte nas disputas pelo Executivo --tentou duas vezes ser prefeito de Natal e quase emplacou como vice na chapa de José Serra à Presidência da República em 2002-- novas tentativas podem vir após um período no comando da Câmara.


"O foco agora é construir uma vitória em fevereiro", desconversa ele.

Correndo por fora - Delgado - um dos candidatos que tentam a vaga pela tangente do acordo - largou na frente do líder peemedebista e começou as viagens de campanha mais cedo, apostado nos colegas indecisos e dissidentes para angariar votos.

Passou a última semana telefonando e enviando mensagens a deputados de diversos partidos, pedindo, inclusive sugestões dos colegas para consolidar sua plataforma de campanha, embora já encampe um discurso de renovação da direção da Câmara e sobre questões internas da Casa.

Esteve na última quinta-feira em Curitiba, onde se reuniu com o governador do Paraná e o prefeito da cidade.

Embora não conte com o apoio formal do presidente de sua legenda, o governador Eduardo Campos, Delgado já recebeu a aprovação de sua bancada, que chegou a enviar uma carta a todos os deputados defendendo sua candidatura.

Já Rose de Freitas entrou na disputa sem o amparo de sua legenda, embora também aposte nos descontentes como eleitores.

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