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Haddad reafirma no MP denúncia contra promotor do Itaquerão

O ex-prefeito afirmou que Marcelo Milani pediu R$ 1 milhão de propina para não entrar com ação contra a emissão de CIDs em favor do estádio

Fernando Haddad: o ex-prefeito disse disse ter confirmado o teor de suas afirmações feitas à Piauí (Wilson Dias/ABr/Agência Brasil)

Fernando Haddad: o ex-prefeito disse disse ter confirmado o teor de suas afirmações feitas à Piauí (Wilson Dias/ABr/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de junho de 2017 às 20h13.

São Paulo - O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), prestou depoimento nesta terça-feira à Corregedoria do Ministério Público estadual sob a denúncia feita contra o promotor Marcelo Milani.

Ele disse que o integrante do MP pediu R$ 1 milhão de propina para não entrar com ação contra a emissão de Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CIDs) em favor do estádio Itaquerão, a Arena Corinthians, na zona leste de São Paulo.

Também nesta terça Milani rebateu a acusação, por meio de nota.

O depoimento teve duração de cerca de 1 hora e 30 minutos.

Depois, Fernando Haddad disse em entrevista ter confirmado o teor de suas afirmações feitas à revista Piauí e que a partir da investigação da denúncia será possível apurar o que realmente ocorreu.

"Eu trouxe as informações para o corregedor e ele tem o caminho das pedras para chegar à verdade", assegurou o ex-prefeito.

À revista, ele afirmou que em 2015 foi informado que Marcelo Milani teria, três anos antes, solicitado a propina para não agir contra a arena corintiana cuja construção foi viabilizada para que pudesse sediar jogos da Copa do Mundo de 2014, principalmente a abertura.

O promotor acabaria entrando com ação em maio de 2012 - três anos depois o processo foi arquivado.

Fernando Haddad disse também que após tomar conhecimento do suposto pedido de propina, o que ocorreu somente em 2015, encaminhou o caso à Corregedoria do MP para apuração.

O contato foi intermediado pelo promotor Roberto Porto, na época secretário de Segurança Urbana do município.

"O doutor Porto fez a intermediação entre mim e a corregedoria para que eu não pudesse prevaricar. Se é informado de um fato desse e não comunica, um agente público prevarica", disse.

De acordo com o ex-prefeito, porém, depois do encaminhamento que fez ao MP passou a ser perseguido por Marcelo Milani, que abriu várias ações contra ele.

O promotor tem se mantido em silêncio desde a denúncia pública de Fernando Haddad, feita há cerca de 10 dias.

Nesta terça-feira, no entanto, divulgou nota quase ao mesmo tempo do depoimento do político petista, em que repudia as acusações e diz estranhar o fato de ex-prefeito acusá-lo "falsa e levianamente".

Recorda que em 25 de maio entrou com ação civil pública contra o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), na época no cargo; a construtora Odebrecht; o Corinthians; e Arena Fundo de Investimento e BRL Trust (administradoras do estádio) por inconstitucionalidade da lei de concessão de incentivos por meio dos CIDs.

De acordo com o promotor em sua nota, as ações - contra Fernando Haddad - têm como motivo o cometimento de várias improbidades administrativas.

Marcelo Milani se diz o maior interessado na apuração das acusações e que aguarda o trabalho da Corregedoria Geral do MP, "confiante de que o desfecho não será outro senão a demonstração inequívoca da falsidade de todas as assertivas", lançadas contra ele por Haddad.

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