Fernando Haddad. (Amanda Perobelli/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de outubro de 2021 às 21h26.
O ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta terça-feira, 26, que descarta uma união da esquerda na largada da disputa pelo governo do Estado em 2022. Haddad considera que não há espaço para uma campanha conjunta com o pré-candidato do PSOL, Guilherme Boulos, no primeiro turno.
"Não acredito que os votos da esquerda serão pulverizados. Respeito Boulos e o PSOL, mas temos programas diferentes", afirmou. "Mesmo quando uma aliança não é possível, se pavimenta o caminho para uma solução boa para o Estado e o para o País no segundo turno, o que não aconteceu em 2018. Estamos pagando um preço enorme por não ter preparado o terreno para uma solução civilizada", completou Haddad, se referindo à disputa presidencial contra Jair Bolsonaro.
Cumprindo agenda de pré-candidato, o petista participou de evento no Sindicato dos Hospitais do Estado de São Paulo (Sindhosp). Para 2022, a estratégia do PT será abrir mão de candidaturas a governos estaduais para privilegiar alianças no plano nacional e reforçar o arco de apoios à futura candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esta tática será revista em Estados onde a aposta da legenda tenha viabilidade de chegar com boas chances ao segundo turno, como se considera que seja o caso de Haddad.
O ex-prefeito admitiu manter diálogo com um potencial adversário na disputa, o ex-governador Geraldo Alckmin - que participou do mesmo evento na semana passada. O objetivo das conversas, segundo ele, é tratar de "cenários" e discutir, fora do campo da esquerda, um eventual segundo turno em São Paulo no ano que vem. "Entendemos que existe uma oportunidade de virar a página dos últimos anos, que foram de governos muito tensos, tanto no plano federal quanto estadual", afirmou.
O objetivo do ex-presidente Lula, que articulou com a Executiva Nacional do partido um plano de atrair alianças, é concentrar nomes da esquerda e centro-esquerda em torno de seu nome para a disputa pelo Executivo. A determinação é que o PT opte por lançar menos candidatos para governos estaduais e mais para deputados federais e, dessa forma, garantir palanque e tempo de televisão para o líder petista.
Reiterando o que afirmou no ato contra o presidente Bolsonaro em 2 de outubro, na Avenida Paulista, Haddad pregou a superação das divergências entre a oposição para derrotar Bolsonaro nas urnas. O petista, todavia, descartou diálogo entre seu partido e Ciro Gomes.