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Haddad defende secretário citado em gravações

Apesar da pressão para que Antonio Donato se afaste do cargo, o prefeito defende que a postura do servidor "vai na contramão" das denúncias de corrupção


	Haddad: Donato é homem forte da administração do petista e foi o responsável pela coordenação da equipe de transição da atual gestão
 (Fábio Arantes/Prefeitura de São Paulo)

Haddad: Donato é homem forte da administração do petista e foi o responsável pela coordenação da equipe de transição da atual gestão (Fábio Arantes/Prefeitura de São Paulo)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2013 às 07h47.

São Paulo - O prefeito Fernando Haddad (PT) saiu ontem em defesa do secretário municipal de Governo, Antonio Donato, citado em escutas da investigação sobre fraude no Imposto sobre Serviços (ISS). A pressão para que Donato se afaste do cargo, porém, cresce até entre membros da gestão.

Vanessa Caroline Alcântara, ex-companheira do auditor fiscal Luís Alexandre Magalhães, apontado como um dos membros da quadrilha, afirmou em uma escuta que ele teria dado R$ 200 mil à campanha de Donato.

"Desde março, essa investigação está acontecendo, e a postura dele nesse tempo todo vai na contramão do que sugere a gravação", disse o prefeito. Haddad desqualificou a acusação feita por Vanessa. "A pessoa que diz, atesta que conheceu o Luís Alexandre em 2011 e faz referência a algo que teria acontecido em 2008", disse.

Haddad afirmou que o ex-titular da Subsecretaria da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como chefe da quadrilha, procurou Donato após ser ouvido na Controladoria-Geral do Município (CGM). Segundo Haddad, Donato comunicou à CGM que o funcionário o havia procurado. "Ele incidiu diretamente para que as investigações prosperassem e concorreu para que as elas acontecessem", afirmou o prefeito.

Questionado sobre o motivo de Donato permanecer no cargo, enquanto outros funcionários públicos que aparecem no inquérito têm sido afastados, Haddad afirmou que "ninguém está sendo afastado sem provas". Donato é homem forte da administração de Fernando Haddad e foi o responsável pela coordenação da equipe de transição da atual gestão.


Duelo

Nos bastidores, porém, o secretário de Transportes, Jilmar Tatto, complicou ainda mais a situação do Donato. Em conversa com o prefeito, ele teria deixado claro que o secretário de Governo fez questão de que Ronilson Rodrigues fosse contratado como diretor financeiro da São Paulo Transporte (SPTrans).

Tatto e Donato são rivais políticos. Um aliado de Donato - o deputado federal Carlos Zarattini (PT) - era um dos candidatos ao cargo hoje ocupado por Tatto. Apesar de assumir a pasta, Tatto teve de aceitar indicações do grupo de Zarattini, do qual Donato faz parte.

Quando foi divulgado o nome de Rodrigues na investigação, Tatto se apressou a afirmar que o cargo era indicação do secretário de Governo. Só então, por meio de nota, Donato admitiu que havia sugerido o nome dele para o cargo na SPTrans.

"Isso foi em janeiro, não existia nenhuma investigação sobre ele", disse Donato em entrevista ao Estado. De acordo com o secretário, a indicação não foi feita para Jilmar Tatto, mas para o secretário de Finanças, Marcos Cruz.

Enquanto Donato estaria em uma situação difícil dentro da Prefeitura, Tatto é responsável pela maior vitrine da gestão Haddad até agora: a implementação das faixas exclusivas de ônibus na cidade.

Também está a cargo dele tirar do papel o Bilhete Único Mensal.Além disso, na Câmara, a família Tatto tem mais influência que Donato. A casa conta com Arselino, líder do governo, e Jair Tatto. (Colaborou Fábio Leite). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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