Haddad: "Esse debate vira e mexe volta. E nós já temos uma população carcerária que é uma das maiores do mundo e em condições impróprias", afirmou sobre a maioridade penal (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2013 às 14h57.
São Paulo - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta sexta-feira que é contra a redução da maioridade penal e que acha difícil que o tema avance no Congresso Nacional.
"Esse debate vira e mexe volta. E nós já temos uma população carcerária que é uma das maiores do mundo e em condições absolutamente impróprias", afirmou, em entrevista à Rádio Bandeirantes.
Ao comentar sobre repercussão do assassinato do jovem Victor Hugo Deppman, cometido por um menor que completou 18 anos dias após o crime, e que fez o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), levar ao Congresso um projeto de lei para alterar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e tornar mais rígidas as punições a menores infratores, Haddad afirmou que o caso tem que ser amplamente analisado.
"Isso tudo é um bom debate. Mas, uma coisa é este caso que precisa ser analisado para saber se a legislação é compatível com a segurança da sociedade, outra coisa é a redução da maioridade penal", disse, ressaltando que "sente" que o tema "não vai prosperar no Congresso".
Questionado pela Rádio Bandeirantes sobre pesquisas que apontam que a população paulistana tem se mostrado amplamente a favor da redução da maioridade penal, Haddad preferiu minimizar a polêmica.
"Quando se faz uma pergunta como essa para população em um momento de comoção, a tendência natural é aprovar a redução da maioridade e até a pena capital", avaliou. "Com o debate, a população começa a ver que o caminho não é esse", completou. "Eu sou contra", disse.
Segundo o prefeito, não adianta 'invocar os indicadores sociais' e simplificar o debate. "Há vários estudos que mostram que a desigualdade social gera muito mais violência que a pobreza", afirmou. Para Haddad, é preciso olhar com mais cautela para a juventude e gerar mais oportunidades.
Bicicletas
Haddad comentou ainda à Rádio Bandeirantes a questão das faixas exclusivas de bicicletas e das ciclovias.
Segundo ele, a Prefeitura está realizando uma revisão dos horários de abertura e fechamento das faixas exclusivas no fim de semana e estudando a criação de ciclovias em ruas que são utilizadas com pouca intensidade pelos carros. "Tudo tem que ser feito com muito cuidado para não gerar acidentes", disse.
Segundo Haddad, cerca de mil pessoas - entre ciclistas, pedestres e motoristas - morrem por ano no trânsito da cidade. "São números alarmantes", afirmou o prefeito, que garantiu que todos os debates estão sendo realizados em conjunto, inclusive, com os cicloativistas.