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Hacker invade novamente Ministério da Saúde e deixa recado: "Arrumem esse site"

O invasor, que assinou a mensagem como "hacker sincero", disse ainda que tem lido comentários nas redes sociais sobre outras falhas que ele já teria exposto no sistema da Saúde

Ministério da Saúde (Ministério da Saúde/Divulgação)

Ministério da Saúde (Ministério da Saúde/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de fevereiro de 2021 às 18h41.

A rede do Ministério da Saúde sofreu nova invasão na quarta-feira, 17. A exemplo do ocorrido no fim de janeiro, o hacker fez duras críticas à segurança da rede: "Arrumem esse site porco ou na próxima vai vazar os dados dos responsáveis por essa porcaria", afirmou, em mensagem que ficou exposta no "FormSUS", um serviço da Saúde para elaborar e registrar formulários da rede pública.

O invasor assinou a mensagem como "hacker sincero". Disse ainda que tem lido comentários nas redes sociais sobre outras falhas que ele já teria exposto no sistema da Saúde. "Obs Li o comentário de todos vocês no Twitter, Facebook, etc... Bjo (sic)", escreveu.

No fim de janeiro, a rede do ministério foi alvo de um hacker que também mostrou o que pensa da segurança de dados da pasta. "ESTE SITE ESTÁ UM LIXO!", escreveu o invasor. O Estadão revelou em novembro e dezembro de 2020, que falha de segurança no sistema de notificações de covid-19 do Ministério da Saúde expôs na internet, por pelo menos seis meses, dados pessoais de mais de 200 milhões de brasileiros, inclusive de Bolsonaro. A pasta também teve sistemas atingidos, no fim do ano passado, no mesmo período em que outros órgãos públicos foram invadidos, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Nesta nova invasão, o hacker afirma que o site "continua uma bosta" e "nada foi feito". "A única ação foi colocar um aviso que o responsável pelos dados confidenciais expostos são de quem fez o formulário e não leu os termos (sic)", afirmou. Não está claro se o mesmo hacker é o autor desta e das invasões passadas.

O hacker também divulgou links que levam a imagens de documentos que estariam expostos pelas falhas de segurança no FormSUS, como carteiras de identidade e nomes de pacientes e funcionários. Ele ainda mostra uma lista sugerindo que milhares de formulários estão expostos. O hacker teve o cuidado de tarjar informações sensíveis.

O invasor também manda recados à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD): "Como vocês deixam isto ir ao ar assim??? Se for começar deste jeito, pode parar e devolve nosso dinheiro !!! (sic)". Criado por medida provisória em 2018, no governo de Michel Temer (MDB), o órgão tem a função de implementar e fiscalizar o cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Na sua mensagem, o hacker recomenda que dados não sejam colocados no FormSUS e aponta três tipos de vulnerabilidade na rede. Segundo Lucas Lago, desenvolvedor do projeto7c0.com.br e pesquisador na Universidade de São Paulo (USP), o hacker aponta falhas "bastante básicas", que provavelmente foram a porta de entrada dele para o sistema do FormSUS. "Ele fez um comentário falando como são primárias as falhas que ele encontrou, depois mostrou que tem acesso a dados reais. E que são muitos dados, de muitos anos", disse.

Lago afirma que aparentemente o invasor é um "gray hat", um tipo de hacker que ataca sites e sistemas, agindo à margem da lei, mas não tem intenções ruins. "Ele está se esforçando para divulgar a vulnerabilidade, sem ganhar nada com os dados", afirma.

Ao fim da mensagem deixada no FormSUS, o hacker ainda critica colegas: "Hackers sem vergonhas, parem de vender os dados, o custo para arrumar isto vai sair do seu bolso !! (sic)", escreveu.

Procurado, o Ministério da Saúde disse que não iria se manifestar. O site do FormSUS está fora do ar. A pasta já havia anunciado que faria manutenção neste sistema, mas não informou se o site está indisponível por esta operação ou pelo ataque do "hacker sincero".

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