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Há pouco espaço para enfrentar queda de commodities, diz FMI

"É um novo ambiente externo, há que se fazer um ajuste. Não há outra opção", afirmou Marcello Estevão


	Logo do Fundo Monetário Internacional: o relatório afirma que, embora fatores externos expliquem parte da recessão no Brasil, são os problemas domésticos brasileiros os maiores responsáveis pela contração da economia em 2015 e 2016
 (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

Logo do Fundo Monetário Internacional: o relatório afirma que, embora fatores externos expliquem parte da recessão no Brasil, são os problemas domésticos brasileiros os maiores responsáveis pela contração da economia em 2015 e 2016 (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de outubro de 2015 às 13h21.

Rio - Com a mudança de cenário para as cotações internacionais de matérias-primas, os países da América Latina têm de fazer ajustes. Ainda assim, a situação é diferente de país para país e o Brasil tem menos espaço para suavizar esse ajuste.

A opinião é do chefe da missão regional do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Marcello Estevão, ao comentar, nesta sexta-feira, 23, o Panorama Econômico Regional, lançado pela instituição no início do mês.

"É um novo ambiente externo, há que se fazer um ajuste. Não há outra opção", afirmou Estevão.

O relatório afirma que, embora fatores externos expliquem parte da recessão no Brasil, são os problemas domésticos brasileiros os maiores responsáveis pela contração da economia em 2015 e 2016.

O documento destaca a corrupção na Petrobras e o julgamento das pedaladas fiscais pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como alguns dos fatores.

Como não integra a equipe técnica responsável por acompanhar a economia brasileira, Estevão concentrou-se na análise regional, evitando, na apresentação, detalhar o caso do Brasil.

O economista destacou, porém, que o País tem menos espaço para "suavizar" os efeitos do cenário externo, justamente por razões domésticas. "Os países que têm espaço para suavizar o ajuste, devem fazer isso.

Os que não têm, têm de fazer ajustes na política econômica", afirmou Estevão, em entrevista após a apresentação.

O relatório do FMI destaca as diferenças entre os países, apesar do contexto comum dos efeitos do fim do superciclo de commodities.

A própria dinâmica das cotações de matérias-primas faz diferença, destacou Estevão. A queda nas cotações de commodities metálicas começou em 2011, afetando antes países como Chile e Peru, que tiveram que começar a se ajustar antes.

O colapso nas cotações do petróleo data do ano passado, atingindo Venezuela, Colômbia e Equador.

Com problemas políticos internos, Venezuela, Equador, Argentina e Brasil estão na mira dos investidores do mercado financeiro.

Por isso, a reação à mudança no cenário externo varia. Segundo Estevão, Chile e Peru, com espaço fiscal, sobretudo no primeiro caso, puderam fazer políticas anticíclicas.

"O Chile tem espaço, a dívida é pequena. O Brasil está em situação pior porque a dívida é bem mais alta", afirmou o economista.

Sistema bancário

O FMI espera uma deterioração nos indicadores do sistema bancário na América Latina, que por ora continuam "robustos".

O relatório, lançado na reunião anual do FMI, em Lima (Peru), destaca que "os indicadores bancários vão piorar nos próximos 18 meses, porque existe uma defasagem entre a desaceleração econômica e o efeito no sistema bancário".

Após a apresentação, o economista explicou que a observação se baseia em estudos sobre os efeitos da economia no sistema bancário, mas ainda é cedo para afirmar se o sistema bancário é um risco daqui para a frente na América Latina.

"Não vemos nenhum risco, mas há uma preocupação", disse.

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