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"Guerra da Vacina" pode unir centro contra Bolsonaro

Personalismo e interesses partidários são até agora obstáculos às articulações em torno de um nome que possa representar o grupo

As conversas para a criação de uma frente contra o presidente incluem PSDB, DEM, MDB, PSD, Podemos, Cidadania, PCdoB, PV, Rede, PDT e PSB (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

As conversas para a criação de uma frente contra o presidente incluem PSDB, DEM, MDB, PSD, Podemos, Cidadania, PCdoB, PV, Rede, PDT e PSB (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 28 de outubro de 2020 às 13h26.

Última atualização em 28 de outubro de 2020 às 15h20.

Às vésperas das eleições municipais, os movimentos "erráticos" de Jair Bolsonaro têm sido classificados por partidos e personalidades do centro como mais um sinal de que, passadas as disputas de novembro, será necessário construir uma frente política com musculatura para enfrentar o presidente, em 2022, e encontrar um nome que personifique a oposição a ele. Enquanto Bolsonaro está em campanha pelo segundo mandato, porém, os protagonistas do chamado "centro democrático" ainda batem cabeça.

Personalismo e interesses partidários são até agora obstáculos às articulações em torno de um nome que possa representar o grupo. Em busca de adesões, há até tentativas de negociar uma frente eclética. As conversas incluem PSDB, DEM, MDB, PSD, Podemos, Cidadania, PCdoB, PV, Rede, PDT e PSB. Os quatro últimos já fazem oposição no Congresso.

Nada, porém, foi adiante. Segundo integrantes desses partidos, um dos motivos é que o PSDB tenta impor o nome do governador de São Paulo, João Doria, e o PDT, o do ex-ministro Ciro Gomes. "O fortalecimento da democracia para permitir uma composição futura mais ampla de campos democráticos vai exigir capacidade de diálogo, de discernimento e humildade. Temos de administrar o contraditório, com menos radicalismo e mais entendimento", disse Doria ao Estadão, ao negar ser um entrave para a construção de um nome.

O tucano se tornou o principal adversário de Bolsonaro. Sob pressão de seguidores nas redes sociais, o presidente afirmou que "a vacina chinesa do Doria" não seria comprada. "Deixe a eleição de 2022 para outro momento, presidente", rebateu o governador. Ontem, Bolsonaro acusou Doria de aumentar impostos; o governador o chamou de "desinformado".

Apesar do estilo conflituoso do presidente, pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) com o Instituto MDA — divulgada no dia 26 — mostrou que a atuação do governo na pandemia de covid-19 é aprovada por 57%. A concessão do auxílio emergencial alavancou a popularidade de Bolsonaro. O auxílio termina em dezembro e, na tentativa de garantir a continuidade dos repasses, o presidente busca tirar do papel o programa Renda Cidadã.

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o marqueteiro João Santana chamou a atenção para essa guinada de Bolsonaro, que, segundo ele, "quer deixar de ser o herói moral para ser o herói social".

"Precisamos construir um projeto alternativo a essa quadra de desmantelo. Isso exige que os homens públicos deixem suas diferenças de lado", afirmou Ciro Gomes, candidato derrotado na disputa de 2018 ao Planalto e nome anunciado para 2022. Para ele, essa construção "não é fácil, mas absolutamente necessária para o Brasil".

Nenhuma das conversas para a formação dessa frente de centro inclui o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, possível candidato em 2022. Mas, na visão de políticos que procuram levar adiante o plano contra o presidente, o ex-juiz quer "criminalizar" a política e faz voo solo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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