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Guedes diz que não há razão para pessimismo porque democracia é "vibrante"

Sem fazer referência às críticas que recebeu por falas sobre o AI-5, ministro da Economia afirma defender "grande sociedade aberta"

Paulo Guedes: ministro da economia aproveitou evento sobre saneamento para falar a respeito do sistema político brasileiro (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

Paulo Guedes: ministro da economia aproveitou evento sobre saneamento para falar a respeito do sistema político brasileiro (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 6 de dezembro de 2019 às 18h54.

Rio de Janeiro — Depois de ter sido criticado por declaração sobre "novo AI-5", o ministro da Economia, Paulo Guedes, aproveitou evento no BNDES, nesta sexta-feira, sobre saneamento básico, para afirmar que defende a "grande sociedade aberta" e que não há razões para pessimismo, pois "as instituições brasileiras (estão) robustas, florescendo, se aperfeiçoando". De acordo com Guedes, a democracia brasileira absorve "da extrema esquerda à extrema direita", mas "dispensa os excessos".

Há algumas semanas, Guedes afirmou que as pessoas não deveriam ficar assustadas se “alguém pedir o AI-5”, em entrevista coletiva a jornalistas brasileiros e estrangeiros em Washington. A afirmação foi feita enquanto o ministro explicava que o governo considera adiar as reformas tributária e administrativa por causa dos protestos em países latino-americanos e citava o chamado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a população seguisse o exemplo do Chile e da Bolívia para “lutar, resistir”.

Guedes foi criticado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. Em entrevista à Rede Record, o presidente Jair Bolsonaro revelou que chegou a ser pressionado para afastar o ministro depois da declaração. Mas o ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmou esta semana que "houve exagero" na reação à fala de Guedes.

"Fizemos uma muito bem-sucedida transição no plano político. Uma democracia resiliente, vibrante, forte, que tem todos os espectros, da extrema esquerda à extrema direita, todo mundo absorvido. Essa é a defesa que eu faço do sistema. Eu defendo a grande sociedade aberta, tenho dito isso seguidamente. Ela dispensa os excessos", afirmou Guedes, nesta sexta-feira, diante de uma plateia de ministros e governadores.

Guedes não fez qualquer nova referência ao AI-5 nem às críticas que recebeu. Também não falou com jornalistas após seu discurso. Na opinião de Guedes, o Brasil tem hoje três Poderes independentes, citando os processos de impeachment dos ex-presidentes Fernando Collor e Dilma Rousseff e fazendo referência ao mensalão e à Lava Jato.

"Primeiro, o Legislativo declarou sua independência, fez um impeachment à direita, depois fez um impeachment à esquerda. Quando o Executivo tentou comprar sustentação política, ele despertou o Judiciário, que também declarou sua independência. Condenou e botou na cadeia quem vendeu e quem comprou voto. Ninguém está acima da lei", disse.

"Eu estou vendo um desenvolvimento institucional extraordinário. Estou vendo as instituições brasileiras robustas, florescendo, se aperfeiçoando. Não há nenhuma razão para pessimismo, é um sistema democrático vibrante", afirmou. Mas, segundo o ministro, o Brasil está passando por um processo de "correção" das instituições, e essa seria uma das razões do baixo crescimento econômico.

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