Brasil

Guedes diz que empresários poderiam trazer 500 milhões de doses de vacinas

Guedes também voltou a reiterar que as projeções do governo para os próximos 60 dias apontam para vacinação diária de "quase um milhão de pessoas"

O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi vacinado na tarde deste sábado (27) em Brasília contra a covid-19 (Andressa Anholete/Getty Images)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi vacinado na tarde deste sábado (27) em Brasília contra a covid-19 (Andressa Anholete/Getty Images)

R

Reuters

Publicado em 26 de março de 2021 às 08h47.

Última atualização em 26 de março de 2021 às 08h58.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez um apelo nesta quinta-feira a empresários do setor privado para que auxiliem no processo de doação de vacinas, dizendo ser possível obter 500 milhões de doses para aplicação na população caso haja participação de pelo menos cem empresários, que poederiam doar 5 milhões de doses cada.

Em rápida fala à imprensa, Guedes, que estava acompanhado dos empresários Luciano Hang e Carlos Wizard, anunciou que ambos os empresários vão se reunir com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na sexta-feira, para anunciar a doação de 10 milhões de doses de imunizantes ao país.

"Agora, imaginem cem empresários. São dois aqui (Hang e Wizard). Então seriam cinquenta vezes essa doação, de dez milhões, e nós temos cem empresários que possam querer fazer essas doações, não é? Então seriam também 500 milhões de vacinas, com cem empresários brasileiros", explicou Guedes.

Apesar das declarações do ministro, há escassez na oferta de vacinas no mundo inteiro. O Ministério da Saúde já fechou acordo com a Janssen, vacina do laboratório da Johnson & Johnson, que prevê o início da entrega de imunizantes apenas a partir do segundo semestre deste ano.

Já a Pfizer, que firmou acordo com a pasta recentemente, projeta a entrega, em abril, de apenas uma pequena parte do lote contratado.

Em sua fala, Wizard afirmou que há a necessidade de sensibilização dos parlamentares e autoridades para que ocorra uma "flexibilização" da legislação que permita fazer a doação.

"O que nós defendemos é o aspecto de agilidade. Por quê? Nós entendemos que a máquina pública tem uma lentidão que é tradicional. A partir do momento que a iniciativa privada tem uma agilidade na entrega, nós antecipamos essa imunização da população e o mais importante, nós poupamos vidas", afirmou.

Já Hang afirmou que a possibilidade do empresariado de adquirir doses de imunizantes contra a Covid-19 e doarem aos seus funcionários "tiraria" as pessoas do Sistema Único de Saúde (SUS).

"Hoje nós viemos aqui, visitando os ministérios, os congressitas, pedindo alteração na lei, que dê a liberdade para o empreendedores poderem comprar as vacinas, doar para o SUS, e poder imunizar os nossos colaboradores", disse.

Guedes também voltou a reiterar que as projeções do governo para os próximos 60 dias apontam para vacinação diária de "quase um milhão de pessoas". De acordo com ele, caso isso se concretize, o país vacinará em menos de dois meses a população mais vulnerável, grupo esse que abarca a faixa etária de idosos, que gira em torno de 35 milhões de pessoas.

"Como 80%, 85% dos óbitos estão acima de 60 anos, a taxa de mortalidade deve cair bastante, então essa ajuda que vem do setor privado pode acelerar ainda mais esse processo. Então eu estou agradecendo muito ao Luciano Hang, Carlos Wizard, e estamos fazendo essa convocação a todo o setor privado, que siga esse exemplo", complementou, ressaltando que o foco principal está na velocidade das imunizações.

O processo de vacinação contra a Covid no Brasil tem sido lento desde meados de janeiro, o que tem contribuído para o pior momento da pandemia no país, com média de mortes superior a 2.000 por dia nas últimas semanas.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, 12,4 milhões de pessoas foram vacinadas com a primeira dose no país, o equivalente a cerca de 6% da população.

Na tarde desta quinta-feira, a Justiça Federal em Brasília considerou inconstitucional a lei aprovada pelo Congresso que obriga a doação ao SUS de 100% de vacinas compradas por empresas ou outras instituições enquanto todos os grupos considerados prioritários não forem vacinados.

Em seus argumentos, o juiz substituto da 21ª vara federal de Brasília, Rolando Spanholo, disse que a obrigação de doação integral dos imunizantes ao SUS desestimula que a sociedade civil, empresários e instituições participem da compra e da vacinação contra o coronavírus, o que atrasa ainda mais o processo no país.

A lei declarada inconstitucional foi aprovada pelo Congresso no final de fevereiro. O texto prevê que Estados, municípios e entidades privadas podem negociar vacinas, mas no caso das últimas, a exigência é que qualquer compra tenha que ser 100% doada ao SUS até que todos os grupos estabelecidos como prioritários no país sejam vacinados. Depois desse limite, ainda 50% das doses terão que ser doadas.

Acompanhe tudo sobre:Johnson & JohnsonMinistério da EconomiaMinistério da SaúdePaulo GuedesPfizerVacinas

Mais de Brasil

Linhas 8 e 9 começam a disponibilizar Wi-Fi gratuito em todas as estações; saiba como acessar

Bolsonaro indiciado pela PF: entenda o inquérito do golpe em cinco pontos

O que acontece agora após indiciamento de Bolsonaro e os outros 36 por tentativa de golpe de Estado?

Inmet prevê chuvas intensas em 12 estados e emite alerta amerelo para "perigo potencial" nesta sexta