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Grupos de Carnaval lutam contra mudança de trajeto em SP

Representantes de cortejos que percorrem ruas do Bexiga e da Bela Vista foram informados pela Prefeitura sobre possíveis mudanças

Carnaval: a Prefeitura Regional da Sé diz que 90% dos percursos serão mantidos (Victor Moriyama/Getty Images)

Carnaval: a Prefeitura Regional da Sé diz que 90% dos percursos serão mantidos (Victor Moriyama/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de dezembro de 2017 às 10h21.

Última atualização em 20 de dezembro de 2017 às 10h48.

São Paulo - Blocos tradicionais que desfilam em bairros da região central de São Paulo, como o do Candinho e do Esfarrapado, podem ter seus trajetos alterados no próximo Carnaval. Representantes de cortejos que percorrem ruas do Bexiga e da Bela Vista foram informados pela Prefeitura sobre possíveis mudanças, principalmente em trechos que passam por viadutos e vias movimentadas. A Prefeitura Regional da Sé diz que 90% dos percursos serão mantidos.

Fundador da Banda do Candinho & Mulatas, que desfila na capital desde 1981, Candido José de Souza Neto, de 68 anos, diz que soube da possibilidade de mudança no trajeto em uma reunião na semana passada.

"Falaram que não querem que o bloco passe por cima de viaduto. Propuseram mudanças, mas não vou aceitar. Vou até as últimas consequências. Estão querendo impedir um bloco tradicional, um vitorioso. Sou um dos pioneiros do carnaval de rua de São Paulo."

Candinho, que também preside a Associação das Bandas/Blocos Carnavalescas de São Paulo, diz não entender o motivo de a proposta ter sido apresentada após mais de 35 anos de desfiles na cidade. "Nunca houve nada nos nossos desfiles. É uma banda pacífica, familiar."

Produtor de eventos e diretor do Bloco Esfarrapado, Jaime Souza, de 33 anos, também afirma que a Prefeitura apresentou uma mudança do percurso, que não será aceita. "Vamos fazer 71 anos de folia e vamos fazer o nosso trajeto. Querem diminuir o trajeto, mas, se a gente não sair como bloco, vai sair como manifestação", diz.

O bloco é o mais antigo da cidade. Souza diz que a mudança vai descaracterizar o desfile. "Não querem que a gente corte a Rua Almirante Marques de Leão e as ruas Una e Rocha e não é para ir até a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, mas, nesse trajeto, tem uma pessoa que a gente sempre faz uma homenagem, que é fundadora da Vai-Vai." O Esfarrapado, que sempre desfila nas segundas de carnaval, atraiu 71 mil foliões neste ano, segundo os organizadores.

Poder público

Prefeito regional da Sé, Eduardo Odloak diz que os blocos da região fizeram as inscrições e definiram seus roteiros. Agora, reuniões estão sendo realizadas para "adequar o trajeto" com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

Segundo Odloak, as mudanças estão sendo negociadas e ainda não há definição."Em uma região com mais de 150 blocos, tem de fazer ajustes para não parar a cidade. Do modelo que foi aprovado no ano passado, 90% está mantido."

O objetivo, diz ele, é evitar problemas. "Nossa preocupação está na segurança, menor impacto no viário sem restringir nem travar uma via importante." Segundo a regional, os novos trajetos não serão uma imposição.

Em nota, a Secretaria Municipal das Prefeituras Regionais informou que está fazendo reuniões e, quando todos os blocos forem mapeados, haverá levantamento das mudanças de vias públicas necessárias.

Disse ainda que cada regional tem suas regras para o evento e que os blocos têm o período de cinco horas para o desfile, incluindo concentração e dispersão, e que o horário máximo para o término é às 22 horas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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