Penitenciário de Pedrinhas: um dos integrantes da comitiva, o senador Randolfe Rodrigues, contou ter visto "muita comida jogada no chão" das celas (Clayton Montelles/Governo do estado do Maranhão)
Da Redação
Publicado em 13 de janeiro de 2014 às 16h42.
Brasília - Um grupo de sessenta presos teria simulado uma greve de fome na visita que uma comitiva de senadores da Comissão de Direitos Humanos fez, nesta segunda-feira, 13, à Penitenciária de Pedrinhas, na capital maranhense.
Durante a passagem por uma das alas comandadas por uma das facções na penitenciária, cerca de 60 presos disseram aos parlamentares que se recusavam a comer a alimentação fornecida pela administração da cadeia.
A visita dos parlamentares tinha por objetivo verificar a situação do presídio e as condições dos presos. O grupo, que tem conversado durante todo o dia com autoridades locais, está preocupado com as 62 mortes que ocorreram na cadeia desde o início do ano passado, algumas por meio de decapitações de detentos.
Um dos integrantes da comitiva, o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), contou ter visto "muita comida jogada no chão" das celas. Os presos disseram ao senador que não havia condições de se alimentar com a comida fornecida.
A administração do presídio rebateu os detentos e mostrou aos senadores a comida distribuída: arroz, feijão e carne. "A comida estava em boas condições", disse Randolfe, para quem a "simulação" tinha por objetivo chamar a atenção e sensibilizar os parlamentares.
Os senadores permaneceram três horas no presídio. No primeiro momento, os parlamentares foram ciceroneados pelo secretário de Administração Penitenciária, Sebastião Uchôa, e pelo comandante da Polícia Militar do Maranhão, Aldimar Zanoni Porto, que lhes mostrou uma ala destruída em rebeliões anteriores, mas, por estar em reformas, já estava em melhores condições.
Participaram da visita Randolfe e os senadores Ana Rita (PT-ES), João Capiberibe (PSB-AP), Humberto Costa (PT-PE), Lobão Filho e João Alberto Souza, os dois últimos do PMDB maranhense.
Contudo, os integrantes da comitiva protestaram contra o fato de terem tido acesso restrito às dependências da penitenciária. Conseguiram, posteriormente, visitar uma das alas sem acesso restrito, na qual ocorreu a simulação da greve de fome. Nessa parte do giro, Lobão Filho e João Alberto Souza, aliados da governadora do estado, Roseana Sarney (PMDB), não participaram da visita.
Os parlamentares ouviram queixas de presos e de agentes penitenciários: mistura de presos provisórios com condenados cumprindo pena; a grande quantidade de agentes penitenciários terceirizados; agentes penitenciários admitindo abertamente que presos têm de escolher a uma das duas facções que dominam a cadeia. "Quem não toma partido, estava condenado", afirmou Randolfe.
O grupo de parlamentares ainda tem encontro com representantes do Ministério Público e Justiça estaduais e possivelmente com a governadora Roseana Sarney. Para o senador do Psol, é preciso se fazer um mutirão para retirar presos em situação irregular.
Ele defendeu uma ação conjunta de todos os poderes para resolver a crise nos sistemas de segurança pública e penitenciário estadual. "É uma situação crônica: a Polícia Federal e a Força Nacional não podem ficar lá permanentemente", afirmou Randolfe.