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Grupo de Black Blocs do Rio vai manter tática de violência

Apesar da rejeição popular após morte de cinegrafista, deve haver pouca mudança na tática Black Bloc nas próximas manifestações


	O cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, no momento em que é atingido por um explosivo: Andrade foi o primeiro jornalista morto em decorrência dos protestos
 (Agência O Globo/AFP)

O cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, no momento em que é atingido por um explosivo: Andrade foi o primeiro jornalista morto em decorrência dos protestos (Agência O Globo/AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de fevereiro de 2014 às 08h29.

Rio de Janeiro - De um lado, pessoas que defendem as táticas violentas. Do outro, aqueles que questionam as ações dos black blocs. No Facebook do movimento fluminense, há mais de 81 mil adeptos divididos em relação à dimensão dos protestos e das reivindicações do grupo desde que o cinegrafista Santiago Andrade foi atingido por um rojão de vara na cabeça.

Especialistas concordam que, apesar da rejeição popular, deve haver pouca mudança na tática adotada pelo grupo nas próximas manifestações.

Andrade foi o primeiro jornalista morto em decorrência dos protestos. Desde então, a quantidade de pessoas que rejeitam as táticas nas redes sociais tem aumentado: "assassinos", "vândalos" e "vagabundos", passaram a ser palavras recorrentes na página no Facebook.

Apesar de os black blocs serem os mais conhecidos, o sociólogo da Universidade Federal do Rio (UFRJ) Paulo Baía mapeou 19 grupos que usam a "violência revolucionária", alguns ligados a partidos políticos. Para ele, a redução da adesão popular aos movimentos não implicará em mudanças na tática.

"Ao contrário do que pensa a maioria da sociedade, eles acreditam na violência como forma de transformação social." Baía acredita que Fábio Raposo e Caio de Souza, que manusearam e detonaram o explosivo, não sejam adeptos das táticas black blocs. "Pelo passado policial, pelas roupas e o comportamento, eles pertencem a outros grupos que praticam violência há muito tempo."

A professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Esther Solano acompanha os protestos desde que começaram, no ano passado. Para ela, o cinegrafista é visto pelos manifestantes como uma vítima da "guerra" contra os policiais e, por isso, não deve haver mudança no movimento.

"Vemos uma espiral de violência crescente que vai legitimar uma conduta mais dura da polícia e do governo. E os black blocs reagirão de forma ainda mais violenta. O clima social, que já é ruim, vai piorar", diz. "É possível que haja novos episódios trágicos e o custo político da falta de diálogo pode ser muito alto", completou Esther.

Rafael Alcadipani, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), diz que o aumento contínuo da violência e a falta de diálogo com o poder público reduziram o apoio popular aos protestos. "A morte do cinegrafista virou instrumento do jogo político e cada lado vai usá-la para fortalecer os próprios argumentos. Assim, a lógica da violência prevalece." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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