Brasil

Greve parcial do metrô e CPTM afeta São Paulo

Além da paralisação parcial, cerca de 100 usuários do transporte público interditaram a Avenida Radial Leste, revoltados com a demora da circulação dos ônibus na região

A exemplo dos metroviários, os funcionários da CPTM que trabalham nas linhas 11-Coral e 12-Safira entraram em greve por tempo indeterminado. A 9-Esmeralda está funcionando (Pedro Zambarda/EXAME.com)

A exemplo dos metroviários, os funcionários da CPTM que trabalham nas linhas 11-Coral e 12-Safira entraram em greve por tempo indeterminado. A 9-Esmeralda está funcionando (Pedro Zambarda/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2012 às 08h19.

São Paulo - Desde as 4h40 desta manhã de quarta-feira a maior parte da malha metroviária da capital paulista está parada. Cerca de 4 milhões de pessoas utilizam os ramais do Metrô diariamente. Funcionários que pertencem ao plano de contingência do Metrô informaram que algumas das estações estão abertas nesta manhã, permitindo o funcionamento parcial de alguns ramais.

Por volta das 7h, cerca de 100 usuários do transporte público interditaram a Avenida Radial Leste, na altura da estação Itaquera do metrô, na zona leste da capital paulista, revoltados com a demora da circulação dos ônibus na região. Os dois sentidos da via estavam fechados ao tráfego por volta das 7h, provocando congestionamento no local, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

Estão abertas as estações que ficam entre o Brás e Santa Cecília, na Linha 3 (Vermelha). Na Linha 1 (Azul), estão abertas as estações entre Ana Rosa e Luz. Toda a Linha 5 (Lilás), entre Santo Amaro e Capão Redondo, na zona sul, opera normalmente.

O mesmo ocorre na Linha 4 (Amarela), que pertence à ViaQuatro. Na Linha 2 (Verde), operam as estações entre Ana Rosa e Consolação. Na estação Ana Rosa, funcionários estão junto às catracas informando aos usuários quais as estações que estão abertas nesta manhã de greve parcial dos ramais do Metrô.

O segurança Fábio Pereira dos Santos, de 36 anos, teve que pegar um ônibus até a estação Paraíso porque a estação Santana, por ele utilizada diariamente, está fechada. Santos reclamou de não ter sido informado na estação Paraíso de que a Linha Azul não estava operando totalmente.

"Paguei a passagem, ninguém me avisou e, depois de viajar somente uma estação, tive que descer. Agora, no meu segundo dia de trabalho, vou ter que andar até a estação Vila Mariana para tentar chegar às 6 horas." Santos disse que estava ciente da greve antes de sair de casa, mas pensou que os funcionários iriam respeitar a decisão judicial que determinou 100% do efetivo do Metrô nos horários de pico.

Às 4h40, apesar dos portões do Metrô encontrarem-se fechados, a situação em frente à estação Sé, no centro, ainda era de tranquilidade, em razão do horário. Em frente à estação Vila Mariana, na zona sul, a situação era idêntica às 5 horas. Duas viaturas da Polícia Militar estavam estacionadas para garantir a segurança das pessoas e que nenhum ato de vandalismo ocorra.

"Eu trabalho em São Bernardo do Campo e tenho que entrar no serviço às 7h30. Não estava sabendo da greve", disse o pedreiro Jeremildo Santos Sales, de 34 anos, que foi pego de surpresa ao encontrar a estação Sé do Metrô fachada nesta manhã.

O Sindicato dos Metroviários decidiu pela greve, por tempo indeterminado, após uma audiência de conciliação com o Metrô. Após terminar sem acordo a audiência de conciliação entre o sindicato dos metroviários e representantes do Metrô de São Paulo no Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região, no centro, a desembargadora Anélia Li Chum determinou que 100% dos metroviários deverão trabalhar amanhã nos horários de pico, ou seja, das 5h às 9h e das 17h às 20h.


Nos demais horários, a categoria teria que colocar no mínimo 85% dos funcionários para trabalhar. Em caso de descumprimento da decisão, o sindicato fica sujeito a multa diária de R$ 100 mil. Pela decisão, os metroviários também ficaram proibidos de realizar catraca livre, como havia sido aventado por alguns integrantes da categoria. Os metroviários ainda realizarão uma assembleia na noite desta quarta para decidir os rumos da greve.

Os metroviários pedem reajuste salarial de 5,13%, 14,99% de aumento real, vale alimentação de R$ 280,45 e reajuste de 23,44% para o vale refeição. A Linha 4 (Amarela), operada pela iniciativa privada, deverá funcionar normalmente, informou a concessionária ViaQuatro.

CPTM

A exemplo dos metroviários, os funcionários da Companhia de Trens Metropolitanos (CPTM) que trabalham nas linhas 11-Coral, que liga a estação da Luz, no Centro, à estação Estudantes, em Mogi das Cruzes, e 12 (Safira), que vai do Brás até Calmon Viana, no município de Poá, também entraram em greve à 0h desta quarta-feira, 23, por tempo indeterminado.

A paralisação foi decidida em assembleia realizada na noite de terça-feira na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil, que representa os funcionários destas duas linhas. Os trabalhadores querem 10,83% de aumento, sendo 5,83% de reposição e 5% de aumento real. A CPTM ofereceu apenas 6,17%, mas o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) propôs 7,05%.

As negociações da categoria com a CPTM começaram em março e, em maio, passaram a ser intermediadas pela Justiça trabalhista. O TRT determinou a manutenção de 85% do quadro, operacional nos horários de pico, das 5h30 às 10h e das 16h às 20h30, e de 70% nos demais horários. O sindicatos das demais linhas da CPTM, 7(Rubi), 8 (Diamante), 9(Esmeralda) e 10 (Turquesa), continuam em negociação com a empresa e os trens estarão circulando normalmente nesta quarta-feira.

Em nota, a CPTM afirma que foi acionado o Plano de Apoio entre as Empresas de Emergência (Paese) para amenizar os problemas causados pelos passageiros que dependem das linhas 11 e 12 para chegar ao centro da capital ou seguir em direção à zona leste da cidade ou região leste da Grande São Paulo.

Foram disponibilizados ônibus gratuitos entre Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, e Guianazes, zona leste da capital, e entre Guaianazes e o Brás, centro da cidade. Em relação às pessoas que dependem da Linha 12 (Safira), há ônibus gratuitos entre Poá, na Grande São Paulo, e Itaim Paulista, zona leste, e entre o Itaim e o Brás, cuja estação dá acesso a linhas que levam até a estação Luz e à região do Grande ABC. No Brás, os passageiros poderão ingressar e seguir até a estação da Luz pelos trens da linha 10 (Turquesa), que estarão circulando, excepcionalmente, até a Luz.

A estimativa é de que cerca de 850 mil pessoas sejam prejudicadas com as duas linhas paralisadas. É importante lembrar que as conexões destas linhas com as estações das linhas do Metrô que estarão paralisadas não irão funcionar, casos das estações Barra Funda e Luz, na linha 7(Rubi); Brás e Tamanduateí, na Linha 10 (Turquesa), e Santo Amaro, na Linha 9 (Esmeralda). Exceção fica por conta da Estação Luz da Linha 7(Rubi), que faz conexão com a Linha 4 Amarela, do Metrô, que estará operando normalmente. Em razão da greve de metroviários e ferroviários, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) decidiu suspender o rodízio municipal de veículos nesta quarta-feira, 23. Com isso, os carros com placas finais 5 e 6 poderão circular no centro expandido da capital.


A CET implantou um plano operacional com o objetivo de minimizar os impactos no trânsito, focando principalmente corredores de acesso às estações de metrô. A São Paulo Transportes (SPTrans) também acionou o Paese. Linhas de ônibus que operam com destino às estações de metrô terão seus itinerários estendidos até a região central da cidade.

A Polícia Militar informou que desde às 04 horas reforçou o policiamento nas estações da CPTM e em todas as estações do Metrô, inclusive as estações da Linha Amarela.

Em nota, a Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos informou que "mantém canal de diálogo aberto com as entidades sindicais representativas dos funcionários da CPTM e do Metrô" e que "a proposta feita às duas categorias é de reajuste com reposição integral da inflação mais 1,5% de aumento real a partir das respectivas datas-base".

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