Brasil

Greve em SP: Prefeitura vai à Justiça e pede 80% da frota de ônibus em circulação

Paralisação da categoria está marcada para a próxima sexta-feira (7)

Greve poderá afetar um contingente estimado de 4,3 milhões de pessoas (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Greve poderá afetar um contingente estimado de 4,3 milhões de pessoas (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 5 de junho de 2024 às 06h24.

A Prefeitura de São Paulo entrou na Justiça do Trabalho na terça-feira, 4, para pedir que, durante a greve dos funcionários das empresas de ônibus da capital, marcada para a próxima sexta, 7, a frota funcione com 100% dos veículos nos horários de pico e com 80% nos demais períodos do dia. A ação foi impetrada no Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região, por meio da SPTrans e da Procuradoria Geral do Município (PGM).

Em despacho publicado na noite desta terça, após a ação da Prefeitura, o desembargador Davi Furtado Meirelles convocou uma audiência para esta quarta-feira, 5, às 16h, para uma "conciliação entre as partes" - o sindicato dos trabalhadores, o SindMotoristas, e o sindicato patronal, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanus).

"A fim de buscar a conciliação entre as partes e evitar a deflagração do movimento paredista, que causará prejuízo à circulação (...), o que afetará um contingente estimado de 4,3 milhões passageiros diários segundo estudos da requerente SPTrans, designo, audiência para o dia 05/06/2024, às 16h00", escreveu Meirelles no despacho.

O magistrado deve decidir sobre o pedido da Prefeitura após a reunião. "O pedido de tutela antecipada será apreciado no final da audiência designada para a data de amanhã", completou o desembargador.

Representantes do SindMotoristas afirmam que toda decisão da Justiça será acatada e cumprida pelo grupo. "Se o Tribunal decidir que devemos colocar 100% da frota no horário de pico, nós vamos colocar. Vamos conscientizar os trabalhadores para fazer isso. No horário que é para recolher, nós vamos recolher também. Da nossa parte, não tem intransigência", disse Nailton Porreta, diretor do sindicato.

Ainda conforme Porreta, a categoria está disposta a funcionar na sexta-feira, 7, com 100% da frota se a Prefeitura de São Paulo conceder tarifa zero para a população.

Na última segunda-feira, 3, o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SMTTRUSP), também chamado de SindMotoristas, decidiu em assembleia pela interrupção do serviço na sexta-feira. O movimento tem previsão para começar à 0h e durar 24 horas.

A greve deve paralisar cerca de 60 mil funcionários, entre motoristas, cobradores e operadores do setor de manutenção e fiscalização de todas as concessionárias que prestam o serviço de transporte na capital. A previsão é de que o funcionamento de todas as linhas de ônibus estruturais e regionais (micro-ônibus) seja afetado. As operações dos ônibus intermunicipais vão seguir normalmente.

De acordo com a SPTrans, empresa que faz a gestão do serviço de transporte de ônibus em São Paulo, a cidade possui 1.304 linhas operadas pelas concessionárias e a greve poderá afetar um contingente estimado de 4,3 milhões de pessoas que usam o transporte diariamente.

Entre as reivindicações das chamadas pautas econômicas, o sindicato pede um reajuste salarial de 3,69% calculado pelo IPCA-IBGE, e mais 5% de aumento real dos vencimentos. Os sindicalistas alegam, no entanto, que os patrões propuseram uma correção de 2,77%, e composição da diferença pelo Salariômetro (índice medido pela Fipe), uma sugestão que já havia sido rejeitada em assembleia no mês de setembro.

Os trabalhadores pedem também a reposição das perdas salariais na pandemia na ordem de 2,46%, - conforme cálculo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) - e que ainda não foram corrigidas.

O SPUrbanuss diz que os sindicatos - patronal e dos trabalhadores - devem continuar buscando um acordo e afirma que "os operadores evitem promover qualquer inoportuna e intempestiva paralisação do transporte coletivo que prive os trabalhadores, estudantes, idosos e demais passageiros desse serviço essencial, antes de esgotada a negociação salarial".

Acompanhe tudo sobre:GrevesTransporte públicoEstado de São PauloMobilidade

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP