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Greve não afeta produção da Petrobras, diz Castello Branco

Em entrevista a jornal, presidente da estatal nega que paralisação na Ansa tenha afetado a produção da petroleira - enquanto isso, a greve continua

Roberto Castello Branco: "Nenhum barril de petróleo deixou de ser produzido nem refinado" (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Roberto Castello Branco: "Nenhum barril de petróleo deixou de ser produzido nem refinado" (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2020 às 09h54.

São Paulo – O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, negou que a paralisação de funcionários da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados (Ansa), subsidiária da companhia, esteja afetando a produção da estatal. Ao contrário. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Castello Branco afirmou que "nenhum barril de petróleo deixou de ser produzido nem refinado".

A greve entrou no 14º dia nesta sexta-feira. E a situação deve piorar ainda mais, pois está marcado para hoje o início das dispensas. Entre as demissões, estão cerca de 400 funcionários diretos da Ansa e 600 terceirizados.

Castello Branco também afirmou que o quadro dificilmente será alterado. Segundo ele, a Ansa é uma fábrica de fertilizantes "que dá um prejuízo imenso porque a matéria-prima é mais cara do que o produto final".

"Este ano ia dar um prejuízo de R$ 400 milhões. E é um reloginho suíço: desde 2013, quando foi comprada, todo ano dá prejuízo. Não podemos ficar com um negócio desses", diz o executivo.

Desde o início de sua gestão, no início do ano passado, Roberto Castello Branco já vendeu 16,3 bilhões de dólares em ativos e passou a priorizar atividades que dão mais retorno para a companhia. Entre os ativos vendidos estão a Transportadora Associada de Gás (TAG), que foi arrematada pelo grupo francês Engie, e a capitlização da rede de postos BR Distribuidora.

Entenda o caso

Ao final da quinta-feira, 13, 113 unidades da Petrobras encontravam-se com manifestações em 13 estados do país, com mais de 20.000 petroleiros mobilizados. Segundo a FUP, são 53 plataformas, 23 terminais, 11 refinarias, 23 outras unidades operacionais e 3 bases administrativas em estado de greve.

Na quarta-feira, 12, o Supremo Tribunal Federal determinou que seja cumprida a decisão do Tribunal Superior do Trabalho de manutenção do contingente de 90% dos trabalhadores durante a greve e reconheceu a legitimidade de aplicação de multa, desconto de dias parados e “outras medidas de caráter coercitivo” necessárias ao restabelecimento das atividades essenciais, segundo o STF.

Em nota, a Petrobras informa que “os resultados da Ansa, historicamente, demonstram a falta de sustentabilidade do negócio” e que, de janeiro a setembro de 2019, a unidade gerou prejuízo de quase 250 milhões de reais. A companhia acrescenta que, além das verbas rescisórias legais, as demissões devem envolver um pacote que inclui, entre outros itens, um valor adicional entre 50 mil e 200 mil reais.

As paralisações, que podem afetar a produção da Petrobras no trimestre, ocorrem em meio a um ambicioso programa de venda de ativos “non core” (não essenciais) da companhia. É o Brasil real mais uma vez se impondo ante os planos de reforma da máquina pública.

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