Greve dos Correios em 2020: sindicatos discutem campanha salarial e privatização (Alex de Jesus /O Tempo/Estadão Conteúdo)
Carla Aranha
Publicado em 4 de agosto de 2021 às 12h01.
Última atualização em 4 de agosto de 2021 às 12h22.
Representantes de entidades sindicais dos funcionários dos Correios se reúnem nesta quarta, 4, para deliberar sobre a realização de uma greve. As pautas prioritárias são o reajuste salarial e a privatização da estatal — o projeto de lei que abre caminho para a quebra de monópolio do setor postal deve ser votado no Congresso até o fim da semana.
O acordo coletivo venceu no dia 31 de julho. Segundo as entidades envolvidas nas discussões da campanha salarial, a direção dos Correios não ofereceu um reajuste. Já teriam sido ralizadas quatro reuniões com os executivos da empresa, sem que as negociações caminhassem. Condições semelhantes originaram a greve do final do ano passado, em que os funcionários cruzaram os braços por 35 dias. Na ocasião, a privatização da estatal foi outra bandeira da paralisação.
Agora, com a perspectiva de votação do projeto de lei que abre caminho para a venda da empresa, o tema voltou ao radar. A categoria estuda a realização de um protesto nesta quinta em Brasília, em frente ao Congresso, e tem mantido conversas com parlamentares para tentar convencê-los a votar contra a desestatização.
Um dos principais argumentos dos funcionários dos Correios é que a estatal vem dando lucro desde 2017. O governo contropõe essa ideia, dizendo que em um contexto de pagamento de tributos, a conta seria outra. Os Correios usufruem de isenção tributária. Caso a empresa pagasse impostos, teria desembolsado cerca de 1,5 bilhão de reais relativo a obrigações fiscais, mesmo valor do lucro registrado em 2020.
Além disso, a estatal acumula um passivo de mais de 13 bilhões de reais, segundo o Ministério da Economia, e registra um lucro tímido entre as estatais. O Banco do Brasil conquistou uma margem de lucro de quase 14 bilhões de reais em 2020 e a Caixa Econômica lucrou 13,2 bilhões de reais.
Os Correios possuem mais de 95.000 funcionários, que correm o risco de perder o emprego com a privatização. O projeto de lei em tramitação no Congresso prevê a estabilidade no trabalho por 18 meses após a desestatização e o direito à utilização do plano de saúde durante um ano.
*reportagem em atualização