Fernando Grella Vieira: "hoje, há muita gente presa que não deveria estar e muitos que progridem, ganham a liberdade e não deveriam ter esse benefício”, disse o secretário (Divulgação/MP-SP)
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2014 às 17h08.
São Paulo - O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, disse hoje (25) que “o aumento de roubos é um fenômeno nacional” relacionado à impunidade gerada pela legislação. Ele defendeu um esforço do país para enfrentar a questão, ao comentar o crescimento, em março passado, de 31,18% nesse tipo de crime – quando há violência ou grave ameaça à vítima – no estado, passando de 20.455 casos no mesmo mês de 2013 para 26.832 registrados agora.
De acordo com o secretário, o combate ao roubo é um problema que depende de atuação em quatro áreas: integração, inteligência, investigação e impunidade. “Nós estamos atuando na inteligência, na integração e na investigação, mas é preciso também que haja um esforço do país no que se refere à questão da impunidade”, afirmou.
Grella coloca em questão a efetividade da legislação penal: “É preciso discutir aspectos da Lei de Execução Penal e do próprio Código Penal. Hoje, há muita gente presa que não deveria estar e muitos que progridem, ganham a liberdade e não deveriam ter esse benefício”, acrescentou o secretário.
Só na capital paulista, o número de casos de roubo teve uma alta de 44,77% em comparação ao ano passado, passando de 9.732 casos para 14.809 em março deste ano. O balanço foi divulgado na tarde de hoje pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
O secretário admitiu que o crescimento dos roubos no estado preocupam. “Nossa principal preocupação é o crime contra o patrimônio. Apesar de termos tido reduções de 33% no caso de roubos a bancos, de 6,5% no caso de furtos e de 1,3% em roubos de cargas, os roubos em geral tiveram aumento”, disse ele.
Também houve aumento de 5,9% no número de latrocínios [roubos seguidos de morte] em todo o estado, que passaram de 34 casos em março de 2013 para 36 este ano. Na capital, no entanto, os latrocínios tiveram queda de 10%, passando de nove para dez casos na mesma comparação.
Segundo Grella, parte do aumento dos casos de roubos se deve ao aumento na criminalidade, mas ele acrescentou que parte desse aumento também se dá porque houve aumento no número de notificações ou denúncias de crimes pela população.
Durante a entrevista, Grella disse que, a partir do próximo mês, a secretaria vai começar a divulgar mais detalhes sobre os roubos e latrocínios no estado. “Não temos medo da transparência. A partir do mês que vem, serão publicados dados mais detalhados sobre roubos e homicídios. Será possível saber, por exemplo, quais são os tipos de roubos mais frequentes e os perfis de homicídios”, falou ele.
Quanto aos homicídios, no entanto, houve queda tanto na capital quanto no estado, onde a redução alcançou 0,75% em março, com 398 casos. Na capital, a redução foi 12%, com 103 casos em março.
“Esses indicadores indicam tendência de queda de homicídios dolosos. Com esses resultados, nossa taxa de homicídios no estado está em 10,32 homicídios por 100 mil habitantes e, na capital, de 10,08 a cada 100 mil habitantes, o que nos posiciona muito próximos da taxa preconizada pela Organização Mundial da Saúde, que é dez mortes por grupo de 100 mil habitantes”, disse o secretário.
Também houve redução nos casos de furtos, que caíram 6,45% no estado, passando de 46.510 em março do ano passado para 43.509 casos este ano. Segundo a secretaria, este foi o menor número de furtos em um mês de março desde 2010, quando ocorreram 42.497 furtos. Já na capital, a queda chegou a 10,3%, com o registro de 15.464 casos em março.