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Greenpeace protesta contra óleo no NE e ativistas são presos; veja fotos

Segundo a ONG internacional, manifestantes ficaram detidos por três horas, mas foram soltos no início da tarde desta quarta-feira (23)

Greenpeace: manifestantes jogaram um líquido escuro simulando o petróleo que está há mais de 50 dias poluindo praias do Nordeste (Adriano Machado/Reuters)

Greenpeace: manifestantes jogaram um líquido escuro simulando o petróleo que está há mais de 50 dias poluindo praias do Nordeste (Adriano Machado/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 23 de outubro de 2019 às 14h17.

Última atualização em 23 de outubro de 2019 às 14h19.

Brasília — A ONG internacional Greenpeace realizou nesta quarta-feira (23) um protesto no Palácio do Planalto para denunciar a política ambiental do governo de Jair Bolsonaro.

Os quase 20 manifestantes que participaram do ato jogaram um líquido escuro simulando o petróleo que está há mais de 50 dias poluindo praias do Nordeste. Segundo a ONG, a composição do líquido é maisena, água, óleo de amêndoas e corante preto.

A informação foi divulgada após o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, publicar um vídeo no Twitter afirmando que "os ecoterroristas depredam patrimônio público". 

Durante o ato, que começou pela manhã, 17 ativistas foram presos e levados para o 5º Distrito Policial de Brasília. Após três horas detidos, a organização divulgou que eles foram liberados.

Em nota, o Greenpeace defendeu que o protesto foi pacífico e serviu para mostrar que não aceitam a política antiambiental do governo Bolsonaro. No protesto, os manifestantes também espalharam madeira queimada, que teria sido recolhida de locais de extração ilegal na Amazônia.

"Levamos de maneira simbólica o derramamento de óleo do Nordeste e a Amazônia destruída para o local de trabalho do Presidente da República", diz o texto, reforçando que o governo brasileiro foi omisso no combate ao vazamento de Petróleo.

As primeiras manchas de óleo começaram a ser registradas há mais de 50 dias, mas apenas no último dia 11 o Ministério do Meio Ambiente acionou o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional

A lentidão para o governo apresentar uma resposta à tragédia ambiental foi alvo de uma Ação Civil Pública de nove Ministérios Público da região nordeste. Nesta semana, a justiça determinou "ação imediata" da União para conter o desastre.

Nesta terça-feira (22), servidores federais ambientais divulgaram uma nota pública classificando a atuação do governo para combater o desastre ambiental como lenta, improvisada e inepta.

Os funcionários do Ibama, ICMBio, Ministério do Meio Ambiente e Serviço Florestal Brasileiro são vinculados à Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente.

De acordo com dados do Ibama, as manchas de óleo já atingiram cerca de 200 praias nordestinas. Esses resíduos estão sendo armazenadas e podem ter como destinação fabricantes de cimento que podem reutilizar esse material.

Ataques do presidente

Na noite desta terça-feira (22), Bolsonaro usou sua conta no Twitter para levantar suspeitas sobre o comportamento de organizações não governamentais e partidos de esquerda a respeito do óleo.

Segundo ele, o apoio desses grupos ao governo da Venezuela fortalece a tese de um derramamento criminoso. "No mínimo estranho o silêncio de ONGs e esquerda brasileira sobre o óleo nas praias do Nordeste. O apoio desses partidos ao ditador (Nicolás) Maduro fortalece a tese de um derramamento criminoso", escreveu o presidente.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) confirmou na semana passada que o óleo encontrado nas praias brasileiras desde o início de setembro é venezuelano, mas ressaltou que isso não significa necessariamente que a Venezuela seja a responsável pelo derramamento.

Nas últimas semanas, o governo tem acusado ONGs ambientais de não estarem ajudando na limpeza das praias no Nordeste, mas um levantamento da agência de checagem de notícias Lupa mostrou que pelo menos quatro ONGs estão trabalhando com voluntários na limpeza das praias.

(Com Reuters)

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