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Grande São Paulo já tem 85% dos leitos de UTI ocupados

O governador João Doria confirmou que o Estado está entrando em um estágio mais duro e difícil da disseminação do coronavírus

Coronavírus: sistema de saúde de São Paulo está cada vez mais cheio (Ricardo Moraes/Reuters)

Coronavírus: sistema de saúde de São Paulo está cada vez mais cheio (Ricardo Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de abril de 2020 às 16h16.

A Grande São Paulo já tem 85% dos leitos de UTI ocupados diante da crise do novo coronavírus. A informação foi divulgada pelo secretário Estadual da Saúde, José Henrique Germann. No Estado, esse índice é de 68%. De acordo com Germann, 1.786 pessoas estão internadas em UTI.

Em enfermaria, há 1.917 pacientes internados. A taxa de ocupação nesses leitos é de 47% no Estado e 75% na região metropolitana. Questionado se o Estado está enfrentando um novo momento da doença, o governador João Doria (PSDB) afirmou que sim.

"Sim, estamos iniciando a fase mais dura e mais difícil do coronavírus e lamentavelmente do número de mortes. Não só em São Paulo, mas no Brasil. Estamos enfrentando um vírus que mata e que, infelizmente, não tem medicamento ou vacina. Só tem uma solução: ficar em casa e obedecer o isolamento social", afirmou.

O balanço mais atualizado do número de casos e mortes deve ser divulgado às 15h desta quarta-feira, 29, mas Germann disse que os números devem trazer uma previsão de 2.200 óbitos e de 25 mil casos. Na terça-feira, São Paulo teve um recorde de registro de óbitos, com 224 mortes registradas em 24 horas.

O governo do Estado anunciou a compra de 3.000 respiradores, que foram adquiridos na China a um custo total de R$ 550 milhões. De acordo com o governo, 500 aparelhos serão entregues ainda esta semana ao Hospitais das Clínicas e, posteriormente, os demais serão encaminhados para outros hospitais da rede estadual na capital e no interior.

Germann afirmou que essa compra traz um "alívio" para a situação das UTIs. Mas, diante do cenário na Grande São Paulo, disse que pode transferir pacientes para o interior do Estado.

"Temos o interior, para onde podemos transferir doentes. Trabalhamos com leitos próprios da secretaria, depois com leitos de hospitais filantrópicos e depois com privados. Vamos seguir esta sequência", disse.

O secretário voltou a afirmar que, se a taxa de isolamento social subir, o cenário pode ser revertido. Mas disse que uma taxa abaixo de 50% ainda é um "sinal amarelo".

A taxa de isolamento no Estado ficou em 48% nesta terça-feira, 28. O governo vem afirmando que, se essa taxa não for de pelo menos 50%, haverá dificuldade em implementar a flexibilização na quarentena, principalmente na região metropolitana.

De acordo com o governo do Estado, a meta de isolamento é de 60%. O ideal seria 70%, a fim de evitar o colapso do sistema de saúde.

"Não é um número bom. É um número de alerta. Não há a menor condição de flexibilização com essa taxa, com risco de colapso do sistema de saúde, principalmente na Grande São Paulo", afirmou o governador João Doria.

Mesmo diante desse cenário, o chefe do Centro de Contingência Contra a covid-19, David Uip, afirmou que o avanço da doença não surpreendeu os técnicos e que o Estado vem se preparando desde fevereiro.

"Está se confirmando o que previmos que podia acontecer. São cenários que foram desenhados e curvas epidemiológicas, o Estado não foi surpreendido. Os hospitais privados foram os primeiros pressionados. No segundo momento, chegou a toda a população. E esse cenário foi desenhado desde fevereiro e, por conta disso, o Estado vem se preparando. E graças a essas medidas (quarentena) conseguimos o achatamento a curva. Estamos postergando o pico, que pode ser uma montanha ou o pico do Everest. Depende muito da participação da população", disse.

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