Brasil

Governos têm de assumir responsabilidade por enchentes, diz especialista

Diretora do Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres explica diferença entre vítimas na Austrália e no Brasil

Enchente no Rio: Culpar mudanças climáticas é fugir da responsabilidade, diz analista (Rodrigo Esper/Wikimedia Commons)

Enchente no Rio: Culpar mudanças climáticas é fugir da responsabilidade, diz analista (Rodrigo Esper/Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de janeiro de 2011 às 14h55.

Brasília - O aumento da incidência de chuva em consequência das mudanças climáticas globais não pode servir de desculpa para os governos não agirem a fim de evitar enchentes, na avaliação da diretora do Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres (Cred), de Bruxelas, na Bélgica, Debarati Guha-Sapir. Para a especialista, questões como infraestrutura, ocupação urbana, desenvolvimento das instituições públicas e nível de pobreza e de educação ajudam a explicar a disparidade no número de vítimas entre as enchentes na Austrália e no Brasil.

Segundo ela, infelizmente, nada pode ser feito até que a chuva cesse. “Não é possível fazer nada agora para que não chova mais. Mas temos que buscar os fatores não ligados à chuva para entender e prevenir desastres como esses [das enchentes no Brasil e na Austrália]”, disse.

“Dizer que o problema é consequência das mudanças climáticas é fugir da responsabilidade, é desculpa dos governos para não fazer nada para resolver o problema”, acrescentou Debarati Guha-Sapir.

O Cred vem coletando dados sobre desastres no mundo todo há mais de 30 anos. A especialista afirmou que as consequências das inundações são agravadas pela urbanização caótica, pelas altas concentrações demográficas e pela falta de atuação do Poder Público.

“Há muitas ações de prevenção, de baixo custo, que podem ser adotadas, sem a necessidade de grandes operações de remoção de moradores de áreas de risco”, disse a especialista, mencionando como exemplo proteções em margens de rios e a criação de áreas para alagamento (piscinões). Debarati Guha-Sapir disse que a responsabilidade sobre as enchentes não deve recair sobre a população. “Isso é um dever das autoridades. Elas não podem fugir da responsabilidade”, afirma.

Acompanhe tudo sobre:Desastres naturaisEnchentesGovernoInvestimentos de empresas

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas