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Governo vê tensão e amizade na relação com o MST

Planalto aposta no diálogo para minimizar atritos e acredita que administração Dilma ainda representa uma "esperança crítica" entre os movimentos sociais


	Trabalhadores sem terra, que participam do 6º Congresso Nacional do MST, fazem manifestação em favor da reforma agrária, em Brasília
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Trabalhadores sem terra, que participam do 6º Congresso Nacional do MST, fazem manifestação em favor da reforma agrária, em Brasília (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2014 às 17h38.

Brasília - Apesar da onda de protestos de representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) contra a política de reforma agrária implantada pelo governo federal, o Palácio do Planalto aposta no diálogo para minimizar os atritos e acredita que a administração Dilma Rousseff ainda representa uma espécie de "esperança crítica" entre os movimentos sociais, o que garantiria o apoio desses segmentos à reeleição da presidente.

"Há uma relação de tensão e amizade entre governo e MST, marcada desde sempre pela conversa", afirmou ao Broadcast Político um auxiliar direto da presidente. "Está tudo perfeito? Não. Mas com o Aécio Neves (PSDB) ou o Eduardo Campos (PSB), eles (trabalhadores rurais) sabem que as coisas estariam ainda piores."

Esse auxiliar, no entanto, reconheceu que a candidatura do senador Randolfe Rodrigues (PSOL), mais identificada com a esquerda, tem seus simpatizantes, mas duvida que cresça a ponto de ameaçar o apoio à reeleição de Dilma. Dentro do Planalto, a avaliação é a de que a polícia do Distrito Federal atuou de forma "desastrada" para conter a manifestação que tomou conta da Praça dos Três Poderes nesta quarta-feira, 12. Houve confronto entre trabalhadores rurais e policiais, com feridos dos dois lados.

Na manhã desta quinta-feira, 13, Dilma e ministros se reuniram por uma hora com integrantes do MST. A presidente ouviu uma série de queixas e foi presenteada com uma cesta de produtos, bandeira e boné do movimento. Segundo um outro auxiliar da presidente, o Planalto deixou claro durante a reunião que não vai ser "demagógico" e prometer milagres. "Não podemos prometer aquilo que não podemos cumprir. Há limites orçamentários, questões judiciais envolvidas", destacou uma fonte, em conversa com o Broadcast Político.

Para autoridades do governo ouvidas pela reportagem, Dilma não corre o risco de ter a imagem associada ao agronegócio em um momento em que são acentuadas as críticas à política agrária do governo. Na última terça-feira, 11, a presidente esteve em Lucas do Rio Verde (MT), para a abertura oficial da colheita de grãos e chegou a afirmar, na ocasião, que o agronegócio é "exemplo" para o Brasil.

"Da mesma forma que a presidente conversa com a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Dilma recebe a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e o MST, qual a diferença? O governo conversa com todos, sem discriminações", afirmou um auxiliar de Dilma. "Tantas vezes a gente vê o empresariado reclamando de políticas adotadas pelo governo e pedindo mais, por que o MST não pediria mais também? Ainda representamos uma esperança crítica, dentro de uma relação de respeito."

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