Brasil

Governo vai devolver R$ 120 milhões à Fapesp

Redução é considerada inconstitucional, por colocar o já que o repasse ficou abaixo do piso de 1% da receita tributária do Estado

Fapesp: redução é considerada inconstitucional, por colocar o já que o repasse ficou abaixo do piso de 1% da receita tributária do Estado (Getty Images)

Fapesp: redução é considerada inconstitucional, por colocar o já que o repasse ficou abaixo do piso de 1% da receita tributária do Estado (Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de janeiro de 2017 às 09h05.

São Paulo - A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) vai receber de volta os R$ 120 milhões que foram tirados de seu orçamento pela Assembleia Legislativa Paulista (Alesp), mas o dinheiro permanecerá "carimbado" para ser gasto exclusivamente com os Institutos de Pesquisa do Estado.

Esse é o resultado de um acordo firmado entre a agência de fomento e o governo estadual para resolver o impasse criado pelo corte orçamentário, que reduziu o repasse previsto do Tesouro para a Fapesp em 2017 de R$ 1,116 bilhão para R$ 996 milhões.

A redução, aprovada por um acordo de lideranças partidárias na Alesp, é considerada inconstitucional pela comunidade científica, por colocar o repasse abaixo do piso mínimo de 1% da receita tributária do Estado, estipulado pela Constituição Estadual de 1989.

Com o corte, essa proporção caiu para 0,89%. A diferença, de R$ 120 milhões, foi transferida da Fapesp para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI), para ser usada em um programa de "modernização" dos Institutos de Pesquisa do Estado - um grupo de instituições administradas por diferentes secretarias do governo, como o Butantã, o Agronômico de Campinas (IAC), o Florestal (IF) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Pelo acordo, o dinheiro será devolvido à Fapesp, para ser administrado pela fundação, com o compromisso de que ele será gasto integralmente com os institutos, por meio de editais e apoios exclusivos.

Limonada

"Posso estar enganado, mas acho que o limão virou uma limonada", disse ao Estado, com exclusividade, o vice-governador e secretário da SDECTI, Márcio França.

O acordo, segundo ele, vai no sentido de remediar uma dívida histórica que a Fapesp teria com os institutos, desde que a vinculação orçamentária da fundação foi aumentada de 0,5% para 1% da receita tributária estadual, na Constituição de 1989.

Segundo França, esse meio ponto porcentual a mais teria sido concedido na condição de que os recursos adicionais seriam destinados aos Institutos de Pesquisa do Estado.

O texto constitucional, porém, não inclui nenhuma observação nesse sentido. O Artigo 271 diz: "O Estado destinará o mínimo de um por cento de sua receita tributária à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, como renda de sua privativa administração, para aplicação em desenvolvimento científico e tecnológico".

A diferença em relação ao texto anterior (de 1947) foi o acréscimo de uma referência específica à pesquisa "tecnológica", e não apenas científica.

Segundo o presidente da Fapesp, José Goldemberg, o aumento da vinculação foi dado com o intuito de apoiar o desenvolvimento tecnológico no Estado como um todo, não exclusivamente nos Institutos de Pesquisa. "Tem muito esforço tecnológico que é feito fora dos institutos", ressaltou.

Segundo ele, a Fapesp concedeu R$ 48 milhões aos Institutos de Pesquisa em 2016, por meio de seus editais normais de apoio à pesquisa.

Apesar de ser um valor pequeno comparado com o das universidades estaduais, a taxa de aprovação das propostas submetidas por cientistas dos institutos é semelhante à dos pesquisadores acadêmicos: em torno de 40%.

"O nível da pesquisa feita nos institutos é o mesmo das universidades, mas é pouco", disse Goldemberg, em entrevista exclusiva ao Estado. "O que temos de fazer é aumentar a capacidade deles de apresentar mais projetos."

Ele disse estar satisfeito com a solução, mas lamentou que as coisas tenham acontecido de forma tão "brusca".

Prioridades

Uma comissão de diretores dos Institutos de Pesquisa está sendo formada para definir prioridades de investimento e apresentar essas recomendações à Fapesp em um prazo de 15 dias.

Segundo Goldemberg, o programa de modernização terá contornos especiais, que permitirão investimentos diretos em infraestrutura, e não só em pesquisa científica. Mas os investimentos terão de passar por avaliação de mérito e qualidade da Fapesp. Bolsas de Jovens Pesquisadores também deverão ser contempladas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Agência FapespOrçamento federalPesquisas científicassao-paulo

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas