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Governo vai alertar passageiro sobre ebola em aeroportos

A decisão, de acordo com o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, segue as recomendações feitas pela própria OMS


	Aeroporto: ebola é transmitido somente quando paciente já tem sintomas, diz secretário
 (Infraero/Divulgação)

Aeroporto: ebola é transmitido somente quando paciente já tem sintomas, diz secretário (Infraero/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2014 às 15h27.

Brasília - Aeroportos brasileiros vão passar a veicular mensagens de alerta aos passageiros sobre os riscos de ebola a partir deste sábado, 9.

A decisão integra um pacote de medidas adotado pelo governo brasileiro horas depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar estado de emergência sanitária internacional por causa da doença, que já provocou 1.711 casos na África Ocidental e 932 mortes. Não haverá restrição de viagens para áreas afetadas.

A decisão, de acordo com o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, segue as recomendações feitas pela própria OMS.

De acordo com ele, continua a avaliação de que é improvável a existência de um surto da doença no Brasil.

"Não há risco de transmissão de ebola no Brasil. Não vamos fazer restrições de viagens e vamos continuar a investigação e a vigilância epidemiológica dos viajantes", afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.

Ele recomendou que profissionais de saúde brasileiros não viajem para a região afetada, sem que haja um pedido oficial de autoridades sanitárias do Brasil.

O secretário esclareceu que a doença é transmitida somente quando o paciente já está com sintomas: febre, vômito e hemorragias.

Caso o paciente apresente o problema durante uma viagem, a tripulação do avião deve adotar uma série de medidas para isolar o paciente e avisar autoridades sanitárias antes do desembarque.

Nessas ocasiões, o avião é levado para uma área remota e o paciente, atendido por uma equipe do Samu e deslocado para um hospital de referência.

As pessoas que tiveram contato com o paciente são acompanhadas.

"Os sintomas são fortes, não há como passar despercebido", afirmou o ministro.

Há também a possibilidade de o paciente desembarcar ainda no período de incubação da doença e, portanto, sem sintomas.

"Nessa situação, o caso será identificado nos sistemas de saúde", disse o secretário.

O Ministério da Saúde enviou esta semana para os Estados recomendações sobre como proceder caso serviços recebam pessoas com suspeita da doença.

São considerados suspeitos pacientes que passaram, nos últimos 21 dias por países de incidência da doença que tenham tido febre de início súbito com sinais de hemorragia, viajantes e profissionais de saúde que tiveram contato com pessoas doentes ou em rituais fúnebres.

Numa situação de um paciente ser identificado, uma equipe de resposta será encaminhada do Ministério da Saúde para o local.

"Essa equipe irá independentemente da solicitação do estado", disse o ministro da Saúde, Arthur Chioro.

O paciente deve permanecer em isolamento, num hospital de referência, o material deve ser descartado de acordo com normas de segurança, pessoas que tiveram contato com paciente suspeito deverão ser acompanhadas e o material para fazer o diagnóstico, coletado.

O exame é encaminhado somente para o Instituto Evandro Chagas, o único no País com condições de fazer a identificação em condições de segurança.

"Medida de prevenção e controle deve ser adotada de acordo com a situação que o País está enfrentando", disse o secretário de Vigilância em Saúde.

Ele observou que a OMS recomendou providências mais restritivas para países que vivem surto da doença.

"Se a contenção ocorrer lá, o risco em duas, três, quatro semanas será reduzido e o mundo poderá ficar tranquilo", disse Barbosa.

A partir de agora, todas as pessoas que tentarem embarcar de Serra Leoa, Guiné e Nigéria para outros países serão entrevistadas, de acordo com a recomendação da OMS.

Caso elas se encaixem em um perfil de suspeito, passarão por outra entrevista e, se necessário, serão encaminhadas para tratamento e impedidas de viajar.

Brasileiros que estão no local serão orientados a não ir para o interior, não ter contato com pessoas suspeitas da doença.

A doença

Transmitida por vírus de mesmo nome, a doença ebola é fatal em cerca de 90% dos casos.

A infecção ocorre pelo contato com sangue, fluidos corporais da pessoa infectada ou de animais com a doença - sobretudo macacos, porcos-espinhos, capivaras.

Ao contrário de outras doenças, no entanto, a transmissão do ebola ocorre geralmente quando o paciente já apresenta sintomas da infecção.

"Eles não passam despercebidos. Bastam horas para os sinais evoluírem de dores no corpo para diarreia, vômitos e hemorragias", conta o secretário do Ministério da Saúde. Ele lembra que a doença não é provocada pela água, ar ou comida.

O período de incubação pode variar entre dois e 21 dias. Barbosa admite haver a possibilidade de o paciente desembarcar no país ainda nesta fase.

"Mas nesse estágio, a contaminação não ocorre. E, quando sintomas surgirem, a gravidade é tamanha que dificilmente ele deixará de procurar assistência médica".

No início do mês, o Brasil enviou kits para Guiné e, na próxima semana, deverá despachar outros 10 conjuntos para Libéria e Serra Leoa, com itens usados em catástrofes. Cada kit é suficiente para atender à necessidade de 500 pessoas, por três meses.

Em 2003, o Brasil enviou uma equipe especialista em infecção hospitalar e um especialista em comunicação para atuar em estratégias de prevenção da doença.

Um médico brasileiro que estava na região afetada entrou em contato semana passada com o Ministério da Saúde, mas sem sintomas da doença.

Vinculado ao Médico sem Fronteiras, ele está em bom estado de saúde.

"Não há orientação de evacuação dos países. Não há necessidade. Não tem risco de se contaminar, desde que ele não tenha tido contato com doentes", disse Barbosa.

O secretário descartou a possibilidade de uso de scanners de temperatura em aeroportos.

"É uma operação complexa, sem efetividade", disse.

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