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Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2014 às 08h33.
Rio - O governo federal tratou a morte do cinegrafista da Band Santiago Andrade, de 49 anos, como "assassinato" e a presidente Dilma Rousseff ofereceu apoio da Polícia Federal nas investigações.
Após quatro dias internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI), Santiago teve morte cerebral na manhã dessa segunda-feira, 10, no Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio. A morte repercutiu no Congresso, que tentará igualar black blocs e terroristas.
Mesmo após a neurocirurgia para estancar o sangramento e estabilizar a pressão intracraniana, Andrade ficou com mais de 90% do cérebro sem irrigação sanguínea. A mulher dele, Arlita, esteve no hospital durante todo o dia, mas não falou com a imprensa.
Na tarde de segunda-feira, a família doou os órgãos, conforme pedido prévio do cinegrafista. Ainda não há informações sobre velório e a família informou que Andrade será cremado.
Durante todo o dia, o clima na porta do hospital foi de comoção e tristeza. À noite, a emissora realizou uma missa na Igreja Santa Cecília, em Botafogo, em memória do cinegrafista. Colegas da Band afirmaram que o clima na empresa era de tristeza e revolta.
Amigo de Andrade desde que ele começou na emissora, em julho de 2004, um funcionário que preferiu não se identificar contou que o cinegrafista estava em outra cobertura e foi escalado para filmar a manifestação depois do seu horário.
Acompanhado por uma repórter que foi buscar o carro quando Andrade foi atingido, a equipe ficaria poucos minutos no local. "Eles foram gravar algumas imagens. Ele estava completamente sozinho e não tinha como se defender. Se estivesse com um auxiliar de câmera, talvez a tragédia não tivesse acontecido, porque daria tempo de avisado", lamentou cabisbaixo.
Emoção.
No Facebook, a filha do cinegrafista, a jornalista Vanessa Andrade, de 29 anos, escreveu uma declaração emocionada pouco depois de saber sobre a morte do pai. Ela contou alguns momentos marcantes que viveu com Andrade, desde a infância até a despedida.
"Esta noite (ontem) eu passei no hospital me despedindo. Só eu e ele. Deitada em seu ombro, tivemos tempo de conversar sobre muitos assuntos, pedi perdão pelas minhas falhas e prometi seguir de cabeça erguida e cuidar da minha mãe e de meus avós".
Em sua página pessoal, ela recebeu o apoio e o carinho de amigos, familiares e até desconhecidos. Nas redes sociais, o clima era de indignação e inconformismo pela morte do cinegrafista. Em entrevista à TV Globo, após deixar o hospital no domingo à noite, Arlita afirmou que ao visitar o marido sentiu "que ele não estava nem mais lá".
Ela contou que, na quinta-feira à noite, ligou para o marido e foi atendida por outro cinegrafista que relatou a tragédia. "Achei que não tinha entendido e falei: ele foi fazer alguma matéria sobre alguém que levou uma bomba? A pessoa falou: Não, foi ele mesmo", relembrou.
Dilma.
A presidente Dilma Rousseff determinou nesta segunda-feira à Polícia Federal que apoie as investigações para que as "punições cabíveis" sejam aplicadas aos culpados pela morte do cinegrafista. Por meio de sua conta no Twitter, ela comentou o episódio em uma série de cinco posts. Em um deles, disse que o caso "revolta e entristece" o País.
À noite, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, também prestou "solidariedade à família desse nosso companheiro, que foi assassinado no Rio de Janeiro". Ele acrescentou que o governo espera manifestações "maduras e pacíficas" durante a Copa do Mundo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.