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Governo tenta acalmar mercado após derrota da reforma trabalhista

Da Rússia, onde está em visita oficial, Temer garantiu que a vitória no plenário é garantida

Temer: o governo está mapeando os votos, mas fontes garantem que não há dúvidas em relação à aprovação (Ueslei Marcelino/Reuters)

Temer: o governo está mapeando os votos, mas fontes garantem que não há dúvidas em relação à aprovação (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 20 de junho de 2017 às 22h03.

Brasília - Pego de surpresa com a derrota do relatório da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, o governo correu para tentar evitar a imagem de fragilidade e acalmar os mercados.

Fontes palacianas confirmaram à Reuters que logo depois da decisão da CAS, a ordem foi reagir para mostrar que a derrota na comissão "faz parte do jogo", mas o governo teria votos garantidos no plenário.

Após a derrota inesperada, o dólar acentuou a valorização frente ao real, encerrando o dia em 3,33 reais, e a bolsa recuou 2 pontos percentuais.

Os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, ligaram para investidores na tentativa de demonstrar que o tropeço na CAS foi apenas isso, e o governo ganharia no plenário.

O mesmo discurso foi feito pelo ministro da Secretaria Geral da Presidência, Moreira Franco, a alguns colunistas.

O discurso foi repetido nas redes sociais. Meirelles e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, gravaram separadamente vídeos com praticamente o mesmo texto.

"O resultado da votação da reforma trabalhista hoje na CAS no Senado é um processo legislativo normal. Lembro que essa mesma reforma quando teve seu regime de urgência votado pela Câmara não foi aprovado na primeira votação", disse Meirelles.

"Episódios como esse são absolutamente corriqueiros e esperáveis dentro do processo legislativo. Em resumo, nosso plano de trabalho está baseado na hipótese de que será aprovada e estamos bastante serenos quanto a isso".

Já Padilha afirmou que derrotas como essa são "corriqueiras".

"Perde na comissão e ganha no plenário. Amanhã deveremos ter a leitura do relatório na CCJ, na semana que vem, a votação na CCJ, onde temos a convicção plena de que vamos aprovar, e depois o plenário, onde temos certeza que teremos aprovação por uma margem bastante dilatada de votos", disse o ministro.

Da Rússia, onde está em visita oficial, Temer garantiu que a vitória no plenário é garantida. "Eu acho que está certíssimo. No Plenário nós vamos ganhar. O governo vai ganhar no Plenário", disse.

O resultado, no entanto, pegou sim de surpresa o Planalto, que não apenas foi derrotado por nove votos a favor e 10 contra, como teve três senadores da base --Hélio José (PMDB-DF), Eduardo Amorim (PSDB-SE) e Otto Alencar (PSD-BA)-- que votaram contra a orientação do governo.

Suplente do senador Sérgio Petecão (PSD-AC) na comissão, Alencar acabou votando no lugar do titular e contra a proposta do governo.

O senador da Bahia já vinha se posicionando contra a reforma, enquanto Petecão, que não estava em Brasília, era considerado pelo Planalto um voto garantido pela reforma.

A maior irritação, no entanto, foi com Hélio José. O peemedebista não apenas é do partido de Temer, como tem vários cargos indicados por ele no governo.

"Ele está saindo muito caro para um voto que não é garantido", disse uma fonte, garantindo que pode haver sim retaliação contra Hélio José.

O governo está mapeando os votos que têm no plenário, mas fontes garantem que não há dúvidas em relação à aprovação.

Ao contrário da Previdência, que é uma Proposta de Emenda à Constituição e requer três quintos dos votos, a reforma trabalhista é apenas um projeto de lei e necessita de maioria simples para ser aprovada.

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