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Governo quer votar Marco Civil da Internet até sexta-feira

Prioridade do texto cresceu após denúncias de espionagem da rede no país por agentes secretos americanos


	Disfarçados de diplomatas, agentes secretos americanos roubavam dados transmitidos via satélite
 (Divulgação)

Disfarçados de diplomatas, agentes secretos americanos roubavam dados transmitidos via satélite (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2013 às 14h52.

São Paulo – Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais, e o vice-presidente Michel Temer se reúnem hoje à tarde com Henrique Alves, presidente da Câmara dos Deputados, para pedir mais rapidez na votação do novo Marco Civil da Internet. Em tramitação há mais de dois anos, o texto que determina os direitos e deveres do internauta brasileiro pode ser votado ainda essa semana.

O pedido é feito após denúncias de monitoramento ilegal da internet no país por agentes secretos norte-americanos – baseadas em documentos divulgados por Edward Snowden, ex-funcionário da CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA). Ontem, a presidente Dilma se reuniu com Gleise Hoffmann, chefe da Casa Civil, José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, e Paulo Bernardo, ministro das Telecomunicações, para discutir o assunto.

Em entrevista à Rádio Estadão, Bernardo afirmou que empresas brasileiras que tenham cedido dados pessoais a firmas estrangeiras serão punidas. Para ele, o acesso ilegal a e-mails representa violação da privacidade. "Isso configura um crime, porque a Constituição garante sigilo das correspondências", explicou. 

Uma reportagem publicada hoje no jornal O Globo com base em documentos da CIA e da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) informa que os órgãos teriam mantido espiões em Brasília até 2002 para monitoramento não-autorizado da internet no país. A suspeita é que o foco das ações fossem questões políticas e ligadas à produção industrial no Brasil.

Falsos diplomatas

De acordo com o Globo, relatórios do governo americano dão conta de que agentes disfarçados de diplomatas atuavam colhendo dados sobre o país enviados via satélite. Denominado Special Collection Service, o grupo fazia parte do Primary Fornsat Collection Operations, programa de espionagem do governo norte-americano com bases espalhadas por 16 países.

As ações do grupo contavam com apoio de programas como Lifesaver (que copia informações presentes em HDs) e PRISM (software para vasculhar e-mails, conversas online e redes sociais, entre outros). Além disso, um documento do NSA de setembro de 2010 indica que os escritórios das embaixada brasileira em Washington e da missão do país na Organização das Nações Unidas, em Nova York, também foram alvo de espionagem.

"A internet tem que servir para o cidadão controlar seus governos e não o contrário", defendeu Paulo Bernardo. No último sábado, O Globo já havia divulgado que mais de 2 bilhões de ligações telefônicas e e-mails teriam sido interceptados pela NSA no Brasil só em janeiro de 2012. "Há mais de 200 anos, nós conquistamos o direito de ter privacidade nas comunicações. Então, não é possível que isso seja objeto de retrocesso", resumiu o ministro das Telecomunicações.

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