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Governo punirá "traições" na PEC do Teto

Planalto já elabora mapa dos "traidores" que podem ser punidos com retirada de cargos, emendas e diminuição de espaço no governo, para interlocutores de Temer.


	Michel Temer: o próprio presidente se envolveu pessoalmente nas negociações para aprovar a PEC
 (Christopher Goodney/Bloomberg)

Michel Temer: o próprio presidente se envolveu pessoalmente nas negociações para aprovar a PEC (Christopher Goodney/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2016 às 10h56.

Brasília - Os integrantes da base aliada que votaram contra a aprovação do projeto de emenda constitucional (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos devem ser punidos pelo governo.

Apesar de o discurso oficial não falar em retaliação, o Planalto já elabora um mapa dos "traidores" que podem ser punidos com retirada de cargos, emendas e diminuição de espaço no governo, de acordo com interlocutores do presidente.

A ameaça de represália do governo chegou a lideranças da Câmara com o recado de que os deputados serão tratados "de forma proporcional ao voto".

A avaliação no Planalto é de que cerca de 15 deputados precisam dar justificativas para terem se ausentado ou votado contra o governo, já que o próprio Temer se envolveu pessoalmente nas negociações para aprovar a PEC que pretende tornar uma "marca e um legado" de seu governo. "Não podemos fingir que nada aconteceu, pois essa era 'a votação', a marca e o símbolo do governo", observou um interlocutor.

Ao aproveitar o embalo da aprovação do projeto, com expressivo placar, a equipe de Temer vai cobrar coesão da base aliada a fim de tentar acelerar a agenda de votações de interesse do Palácio do Planalto no Congresso.

O discurso é de que os aliados precisam estar afinados com o governo para se preparar para a "batalha" da reforma da Previdência, considerada a mais polêmica delas. Nessa negociação, o Planalto pretende também agradar os que votaram a favor, acelerando nomeações de apadrinhados dos parlamentares.

A avaliação de aliados do presidente é que, por mexer diretamente com a vida do cidadão, haverá uma resistência maior às mudanças na Previdência, que têm de andar até o final do próximo ano, sob pena de naufragar em 2018, ano eleitoral. A oposição no Congresso, desarticulada na discussão da PEC do Teto, também se prepara para um embate mais duro em relação a essas mudanças.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que Temer vai conversar com parlamentares que não votaram com o governo na PEC. "O presidente Michel Temer disse que haverá uma 'DR' com que não tem teve condições de acompanhar o governo ontem (anteontem)", disse.

Nitidez

Um dos principais interlocutores do Planalto no Congresso, o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), defende que haja "nitidez e transparência" dos integrantes da base na defesa das propostas do Planalto. "Quem não votou, vai ter de se explicar, queremos ter nitidez política e base unida. Base desunida não adianta", avisou.

Jucá reconheceu que, mesmo com a vitória folgada na PEC do Teto, é preciso a partir de agora fortalecer o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, principal responsável por receber e despachar as demandas dos parlamentares. "O governo ainda está em fase de montagem", ressalvou Jucá ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Após um corpo a corpo pessoal de Temer na véspera, o primeiro turno da PEC do Teto foi aprovado anteontem com 58 votos a mais que o mínimo necessário: 366 a favor, 111 contra e duas abstenções. Ainda haverá uma nova rodada de votação na Câmara e outras duas votações no Senado, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que já está atuando "pessoalmente" para aprovar a medida na Casa que comanda. "Ou votamos essa PEC, ou vamos ter de aumentar impostos, e a sociedade não aguenta mais isso", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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