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Governo propõe aumentar limite de faturamento anual do MEI; veja o que pode mudar

Com a mudança, 470 mil empresas poderiam se transformarem em MEI, de acordo com nota técnica do MDIC. Atualmente, há 15,4 milhões de registros de MEIs no Brasil

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 25 de agosto de 2023 às 16h25.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) propôs na quinta-feira, 24, a ampliação do limite de faturamento do Microempreendedor Individual (MEI) para R$ 144,9 mil, além da criação de uma "rampa de transição" gradual para que os negócios que ampliarem o faturamento possam se adaptar às regras na mudança de MEI para Microempresa (ME).

O texto foi avaliado e aprovado em reunião do Comitê Técnico MEI, do Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (FPMPE). Com a mudança, 470 mil empresas poderiam se transformarem em MEI, de acordo com nota técnica do MDIC. Atualmente, há 15,4 milhões de registros de MEIs no Brasil.

O aumento do limite de faturamento criará uma nova faixa de alíquota do Simples Nacional para o MEI. Seguindo a regra atual, o microempreendedor com faturamento até R$ 81 mil, teto atual, continuará pagando um valor fixo de 5% do salário mínimo.

Os MEIs que aturam de R$ 81 mil a R$144.912 teriam uma alíquota de R$ 181,14. O valor representa 1,5% de R$ 12.076,00, que corresponde ao teto mensal de faturamento proposto para os MEIs (R$ 144.912/12 meses).

Hoje, existe um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados que propõe a ampliação para R$ 130 mil. O ministério avalia como e quando vai enviar a proposta ao Congresso Nacional.

Na reunião do Fórum das MPE, diretora de Artesanato e Microempreendedor Individual, Raissa Rossiter, explicou que a proposta de aperfeiçoamento da Lei 123/2006, que criou o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, busca facilitar o caminho das empresas que estão crescendo. “É preciso ter mecanismos de aperfeiçoamento da lei para que o MEI se sinta seguro para crescer e fazer essa transição”, destacou a diretora.

Como funcionaria a rampa de transição? 

Além da nova faixa de faturamento, a pasta sugere a criação de uma rampa de transição, para o empreendedor ter tempo de se adaptar às mudanças tributárias e operacionais quando passam de MEI para ME. O microempresário que exceder o teto do faturamento em até 20% terá um prazo de 180 dias para fazer os ajustes necessários.

Nesse período, o empresário precisará emitir nota fiscal para todas as vendas, contratar contador e realizar ajustes na Junta Comercial. O prazo vai permitir que os MEIs avaliem se aquele período de faturamento acima do limite representa de fato uma mudança no perfil da empresa ou se é apenas um pico de vendas, por exemplo.

No caso de faturamento acima de 20% do limite, continua a regra que determina que o empresário deve se desenquadrar do MEI. No entanto, a proposta indica uma mudança importante ao eliminar a retroatividade na transição do regime tributário. Hoje, nesses casos, os impostos serão retroativos a janeiro do ano em que ocorreu a ultrapassagem.

“Se o microempresário ultrapassar o limite em novembro, ele tem que recolher tributos do ano inteiro. O que queremos é que seja proporcional, para que o MEI possa se organizar e fazer a transição, sem impactar negativamente no seu negócio”, explicou a diretora Raissa Rossiter.

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