Família que usa o Bolsa Família: agentes da Polícia Federal concluíram que os boatos tiveram origem espontânea e que não há como apontar um culpado pelo ocorrido. (ROBERTO SETTON /EXAME)
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2013 às 13h11.
Brasília – Mesmo com a conclusão das investigações que não apontaram culpados pelos boatos que anunciaram o fim do Programa Bolsa Família o governo não descarta a possibilidade da Polícia Federal (PF) continuar investigando novos indícios que possam surgir. Durante uma audiência no Senado, ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, elogiou o trabalho da PF e destacou que não houve qualquer orientação do governo para os trabalhos de investigação.
“[A PF] fez um trabalho sério e competente. Foram centenas de pessoas ouvidas que apontaram situações diferentes”, disse, lembrando que o inquérito será analisado pela Justiça e pelo Ministério Público. “Qualquer informação que complementar as investigações, a Polícia Federal, independentemente da minha ação, vai atuar e chegar aos resultados”, completou Cardozo.
Ele disse que a situação de um ministro da Justiça é sempre “desconfortável” nessas investigações. Segundo ele, se o inquérito aponta aliados como culpados, o ministro não tem controle e, quando aponta autoridades da oposição, o ministro é acusado de orientar as investigações. “Não faria nunca e, mesmo que quisesse, não poderia fazer. A PF se constitui, durante todo o tempo, como uma polícia republicana, de Estado e não de governo”, ressaltou.
Os boatos sobre o fim do programa levaram mais de 900 mil beneficiários às agências da Caixa Econômica Federal, em maio deste ano, para sacar os recursos. As investigações sobre a fonte dos boatos seguiram diversas frentes de apuração, como a voltada para identificar uma empresa de telemarketing que seria a responsável pelas primeiras divulgações da falsa notícia.
Agentes da Polícia Federal concluíram que os boatos tiveram origem espontânea e que não há como apontar um culpado pelo ocorrido.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) lembrou que o ministro determinou o inquérito assim que o governo constatou o problema, mas criticou os resultados da investigação. “[A presidenta] Dilma [Rousseff] foi taxativa quando afirmou se tratar de crime. Foi enfática. Houve o crime mas não existem os criminosos. Estamos nos acostumando a esses feitos no Brasil nos últimos anos. Outras providências serão tomadas?”, questionou. Segundo o parlamentar, o assunto não se esgotou.