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"Governo não vai acabar após lista do Janot", diz Aloysio

O ministro das Relações Exteriores disse que é possível que haja outras menções envolvendo o seu nome na Lava Jato

Nunes: "Se o Brasil for parar por isso, não tem saída. Precisamos continuar trabalhando." (Antônio Cruz/Agência Brasil)

Nunes: "Se o Brasil for parar por isso, não tem saída. Precisamos continuar trabalhando." (Antônio Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de março de 2017 às 08h29.

Brasília -- O novo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), disse que o governo "não vai acabar" após a divulgação da lista a ser enviada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal, com base nas delações de 78 executivos e ex-executivos da Odebrecht.

Sob a alegação de que delatores da Lava Jato querem entregar "carne nova" e muitas vezes "inventam", Aloysio admitiu até mesmo que haja outras menções envolvendo o seu nome. "O governo não vai acabar com a lista de Janot", disse o chanceler, em entrevista ao Estado. "Se o Brasil for parar por isso, não tem saída. Precisamos continuar trabalhando, porque temos uma crise a ser enfrentada, temos problemas para serem resolvidos e que não podem esperar acabar a apuração de tudo."

Embora tenha assegurado não sentir "tensão pré-lista", Aloysio admitiu "sofrimento" ao esperar a conclusão de um inquérito, no qual foi acusado pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, da OAS, de ter recebido R$ 200 mil em dinheiro de caixa 2 para sua campanha ao Senado, em 2010.

"Mais do que constrangimento, isso para mim é razão de sofrimento. Tudo o que tinha de ser investigado já foi e o empresário declarou que nunca pedi contribuição para ele. Agora, evidentemente, pode haver outras menções", declarou.

A vacina aplicada pelo chanceler é para se antecipar a comentários de que a lista de Janot poderá conter o seu nome. Questionado sobre a acusação do empresário Fernando Cavendish, da Delta, de que ele seria um dos destinatários de pagamentos irregulares a obras da Dersa, sob a responsabilidade do então diretor Paulo Vieira Souza, Aloysio franziu o cenho. "Não conheço Cavendish. Nunca vi na minha vida", respondeu. "Não me preocupo com isso porque nunca troquei voto ou decisão administrativa por favorecimento indevido."

Ex-líder do governo no Senado e aliado de José Serra (PSDB-SP), a quem substituiu no Itamaraty, Aloysio lembrou que o presidente Michel Temer impôs uma "lista de corte" para seus auxiliares. Por essa ordem, quem for denunciado será afastado e quem virar réu terá de deixar a equipe. "Agora, o delator que não conseguir provar o que falou também vai quebrar a cara", insistiu.

O chanceler disse que o Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht abriu investigação para apurar a situação de executivos que "puseram dinheiro no bolso", sob a alegação de repassar doações a políticos. "Então temos um assunto que ainda vai render muito."

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