Moreira Franco: "O problema que temos com o Congresso é saber se temos voto ou não temos voto, é trabalhar com o Congresso que temos porque queremos fortalecer a democracia" (Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 9 de março de 2017 às 21h52.
Brasília - Em meio ao nervosismo criado com a proximidade de divulgação de uma nova lista de pedidos de inquérito a ser apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, afirma que o governo não pode se abalar com isso ou com o nervosismo do Congresso.
"O problema que temos com o Congresso é saber se temos voto ou não temos voto, é trabalhar com o Congresso que temos porque queremos fortalecer a democracia", disse Moreira Franco em entrevista à Reuters nesta quinta-feira.
"O nosso problema com o Congresso é criar um ambiente que nos permita votar essas medidas", acrescentou. "Agora, o Executivo não é terapeuta do Congresso."
A PGR prepara uma nova leva de pedidos de abertura de inquérito ao Supremo Tribunal Federal com base nas 77 delações de executivos da Odebrecht.
A lista, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters, deve chegar a 30 pessoas com foro privilegiado e pode incluir membros do primeiro escalão do governo.
Informações iniciais apontavam que os novos pedidos --assim como o levantamento do sigilo das delações-- poderiam ser apresentados esta semana, mas de acordo com o STF a PGR ainda não apresentou os pedidos, o que pode ocorrer nos próximos dias.
Moreira Franco, que tem sob sua guarda o Programa de Parcerias de Investimento (PPI), afirma que o nervosismo com as denúncias não afeta o programa ou mesmo o ambiente de negócios e que a preocupação do governo é com os indicadores econômicos.
"Para o governo não abala nada, cada instituição está cumprindo suas funções, o governo está fazendo seu trabalho", disse. "O que nos preocupa é o numero da inflação, da taxa de juro real, da recuperação do PIB, do emprego."
"Estamos fazendo o que prometemos fazer."
O ministro garante que as reformas que o PMDB propôs no documento "Uma Ponte para o Futuro" vão ser feitas e o governo não vai recuar.
"Evidentemente o governo vai fazer tudo, nós não vamos recuar, vamos perseverar", prometeu. "Não há outro caminho para retirar o Brasil da mais grave crise econômica da sua história."
Moreira comentou, ainda, a situação do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Afastado por razões médicas, foi acusado pelo advogado José Yunes --amigo do presidente Michel Temer-- de ter mandado o doleiro Lucio Funaro entregar um "pacote" em seu escritório. Além disso, executivos da Odebrecht também afirmaram que o ministro era o responsável por negociar doações.
Questionado se Padilha podia estar enfraquecido, Moreira afirma que, mesmo que esteja, o ministro continuará no cargo.
"Se ficar enfraquecido ele vai ter que continuar cumprindo a função dele até que as regras que foram definidas pelo presidente desse problema sejam aplicadas, isso está pacificado. Não há nenhum tipo de excitação aqui com relação a essa problema", afirmou.
A regra a que Moreira se refere é a determinação anunciada por Temer no mês passado de que qualquer ministro que for denunciado no âmbito da Lava Jato será afastado provisoriamente e se a autoridade se tornar ré, o afastamento será definitivo.