Brasil

Governo não cumprirá meta do Minha Casa Minha Vida 3

A presidente afirmou que, pela primeira vez, não vai cumprir a meta de campanha à reeleição de construir 3 milhões de moradias na terceira etapa do programa


	Presidente Dilma Rousseff: "nós tivemos de rever os valores. Nós também passamos por dificuldades"
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Presidente Dilma Rousseff: "nós tivemos de rever os valores. Nós também passamos por dificuldades" (REUTERS/Ueslei Marcelino)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2016 às 19h15.

Brasília - A presidente Dilma Rousseff reconheceu oficialmente, pela primeira vez, que não vai cumprir a meta de campanha à reeleição de construir 3 milhões de moradias na terceira etapa do Minha Casa Minha Vida até o fim de 2018, quando acaba o segundo mandato.

"Nós estamos fechando agora o Minha Casa Minha Vida 3 e nós estamos calculando que vai ser... Nós tivemos de rever os valores. Nós também passamos por dificuldades. O Brasil passa por dificuldades. Nós estamos calculando que iremos fazer em torno de 2 milhões a mais de moradias até 2018", discursou a presidente nesta quarta-feira, 03. Ela participou de cerimônia em Indaiatuba (SP), com entregas simultâneas em outras nove cidades.

O jornal O Estado de S.Paulo antecipou, em outubro do ano passado, que não restaria outra saída ao governo a não ser rever a meta do MCMV 3, diante da frustração de recursos e da demora em começar as contratações da nova fase. Na ocasião, porém, o Ministério das Cidades informou que a meta de 3 milhões de contratações estava de pé, mesmo dependendo de questões orçamentárias.

A primeira vez que a presidente prometeu construir 3 milhões de moradias foi em julho de 2014, na véspera do início da campanha eleitoral. No Paranoá, em Brasília, Dilma falou do sonho que era para todo brasileiro conseguir conquistar a casa própria e se comprometeu a construir 3 milhões de residências no segundo mandato, caso fosse reeleita.

De lá pra cá, o início efetivo da nova fase do programa foi adiado sucessivas vezes. Em setembro do ano passado, o governo desistiu mais uma vez de fazer um lançamento oficial. Em uma reunião com empresários e movimentos sociais, a presidente condicionou o anúncio de metas de contratação de novas moradias "à clareza do cenário fiscal". Nessa terça-feira, 02, no Congresso, a presidente voltou a prometer a retomada do programa o mais breve possível.

Para compensar a redução na meta, a presidente disse que ao longo desses quase sete anos serão construídas quase 6 milhões de moradias, contando com as 4 milhões que foram contratadas nas duas primeiras etapas. Dessa quantidade, o governo entregou pouco mais de 2 milhões.

Neste ano, a Caixa começou as contrações das chamadas faixas 2 e 3 do MCMV, que beneficia famílias com renda mensal de até R$ 3,6 mil e R$ 6,5 mil, respectivamente, mas deixou de fora a população que mais precisa do programa de habitação popular, uma das principais vitrines do governo PT.

As contratações das faixas 1 e 1,5 não saíram do papel porque o governo não tem dinheiro para bancar os subsídios. A solução será jogar para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) uma parcela ainda maior da conta dos subsídios dos financiamentos do programa. Assim, haverá redução dos recursos do Orçamento para subsidiar a aquisição das unidades habitacionais.

A parcela de recursos públicos como contrapartida aos subsídios é atualmente de 17,5% e deve cair para 11%. Para compensar a queda, a parcela do FGTS deve subir de 82,5% para 89%. Não é a primeira vez que o governo recorre à estratégia de aumentar os subsídios do FGTS para financiar as casas do programa. Quando foi criado, em 2009, o Tesouro Nacional cobria 25% dos subsídios e o FGTS, os outros 75%.

A falta de recursos públicos para o governo compensar sua parcela nos subsídios dos financiamentos do Minha Casa não é recente, mas agora o governo está impossibilitado de usar o subterfúgio dos últimos anos.

O FGTS desembolsava 100% dos subsídios para que o Tesouro pagasse a sua parte depois. No entanto, essa prática foi condenada pelo Tribunal de Contas da União (TCU ) por ser considerada também uma "pedalada fiscal". No fim de 2015, o Ministério da Fazenda transferiu R$ 9 bilhões para quitar essa dívida.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffGovernoPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

'Presidente de uma grande potência decidiu brigar com todo mundo', diz Rui Costa sobre Trump

Decisão de Moraes proíbe Jair Bolsonaro de falar com ao menos 177 pessoas; veja os nomes

Moraes revoga domiciliar de idosas do 8/1 que descumpriram uso da tornozeleira mais de mil vezes

Líder do PL diz que estuda 'soluções' legislativas para Eduardo Bolsonaro concluir mandato dos EUA