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Governo edita MP com mudança na nomeação de reitores e recebe críticas

No próximo ano, estão previstas 24 nomeações para reitores de universidades federais e nove de institutos federais; entidades veem autonomia ameaçada

Universidades: antes cada instituição podia escolher como as eleições para reitor seriam feitas (Divulgação/Divulgação)

Universidades: antes cada instituição podia escolher como as eleições para reitor seriam feitas (Divulgação/Divulgação)

AB

Agência Brasil

Publicado em 26 de dezembro de 2019 às 19h04.

Última atualização em 27 de dezembro de 2019 às 10h32.

O presidente Jair Bolsonaro assinou, na última terça-feira (24), uma Medida Provisória (MP) que altera as regras para a escolha de reitores das universidades e institutos federais.

A MP fixa a representatividade de 70% de votos de professores na composição da lista tríplice de onde sairá o novo reitor. Os outros 30% são divididos igualmente entre alunos e servidores efetivos. O presidente poderá nomear qualquer um dos três indicados na lista resultante da votação.

Antes da edição dessa MP, as universidades podiam decidir pelo modelo de eleição, podendo atribuir pesos iguais para cada uma dessas categorias. Além disso, até então, era tradição o presidente da República nomear o primeiro nome da lista tríplice. No início do ano, reitores chegaram a pedir que Bolsonaro mantivesse o costume.

Para o governo, a medida "garante autonomia à comunidade acadêmica". "O objetivo do novo texto é fortalecer a governança no processo de escolha de reitores", afirma o Ministério da Educação (MEC). Segundo a pasta, houve judicialização de sete processos de escolha de reitores. Pelas redes sociais, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República afirmou que "a eleição e a nomeação de reitores vão ficar mais justas e transparentes".

No próximo ano, estão previstas 24 nomeações para reitores de universidades federais e nove de institutos federais.

De acordo com o texto, os candidatos a reitores precisam ser docentes ocupantes de cargo efetivo e não podem ser enquadrados nas hipóteses de ilegibilidade previstas na Lei da Ficha Limpa. Poderá haver reeleição, mas apenas uma vez. A MP já está vigorando, mas precisará ser ratificada pelo Congresso Nacional em 120 dias. Caso não seja aprovada pela Câmara e pelo Senado, ela perde a validade.

A mudança foi criticada por instituições como o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior:

Também houve críticas de políticos, como a deputada federal Tabata Amaral:

E de professores, como Dawisson Belém Lopes, da UFMG:

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