Agência de notícias
Publicado em 8 de agosto de 2025 às 07h37.
O governo Lula prepara para a próxima semana um pacote de socorro às empresas atingidas pela tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros. Uma das principais frentes de ajuda será o uso de R$ 30 bilhões do Fundo de Garantia à Exportação (FGE) para operações de crédito com juros mais baixos. Em troca do empréstimo, a empresa beneficiada precisará comprometer-se a manter os empregos de seus funcionários.
O fundo, que já é utilizado como fonte de recursos pelo BNDES, possui atualmente R$ 48 bilhões de superávit, segundo um interlocutor. Em março, conforme o último balanço do banco, o saldo era de R$ 53 bilhões. Portanto, não será necessário um novo aporte do Tesouro Nacional no FGE para viabilizar o socorro às empresas afetadas. A medida não terá impacto primário, apenas financeiro, com efeito sobre a dívida pública.
Além disso, o governo está avaliando a criação de uma linha de financiamento de R$ 10 bilhões para a renegociação de dívidas de produtores rurais, também via BNDES. A medida será dividida em duas etapas: metade do valor será liberado ainda este ano, e o restante em 2026. O foco está em pecuaristas, produtores de café e frutas, afetados pela tarifa, mas outros setores também poderão ser contemplados.
Uma outra ação em discussão é a implementação de um programa de compras governamentais que envolva estados e municípios, com o objetivo de adquirir produtos perecíveis que antes seriam enviados aos Estados Unidos, como frutas, pescados e mel.
O texto do pacote está em fase de ajustes finais no Ministério da Fazenda para ser enviado à Casa Civil. A expectativa é que a apresentação das medidas aconteça no início da próxima semana. As equipes da Fazenda, da Casa Civil e da Indústria e Comércio estão avaliando os impactos financeiros das medidas nos cofres públicos e conferindo se todas as empresas afetadas pela tarifa de 50% serão de fato contempladas.
Em Brasília, governadores de oposição a Lula cobraram do governo federal ações para mitigar os efeitos do tarifaço. A reunião, que aconteceu na casa do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi convocada pelo governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União). O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, expressou preocupação com os efeitos da tarifa sobre diversos setores da economia brasileira.
O vice-presidente Geraldo Alckmin também esteve em reunião com o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar. Durante o encontro, o Brasil expôs diretamente seus argumentos contra o aumento das tarifas, destacando a preocupação com questões não tarifárias e a necessidade de diálogo para resolver o impasse.
A próxima etapa nas negociações será marcada por um encontro do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, na quarta-feira. Além disso, espera-se que o governo brasileiro continue as negociações com os EUA, especialmente no que se refere à propriedade intelectual, acesso ao etanol americano e questões relacionadas ao Pix e medicamentos.