Brasil

Governo Lula deixa cargos em aberto, e base trava disputas nos estados

Levantamento aponta 20 postos vagos diretamente ligados a ministros; partidos brigam para ter influência no terceiro escalão

Governo Lula: Pelo país, com o terceiro escalão sob disputa, o cenário ganha mais volume, com impasses em locais como Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Pará, Tocantins e Mato Grosso do Sul (Ricardo Stuckert/PR/Flickr)

Governo Lula: Pelo país, com o terceiro escalão sob disputa, o cenário ganha mais volume, com impasses em locais como Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Pará, Tocantins e Mato Grosso do Sul (Ricardo Stuckert/PR/Flickr)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 15 de maio de 2023 às 09h49.

Enquanto o governo faz cobranças a partidos da base na tentativa de ajustar a relação com o Congresso, cargos de segundo escalão ainda vagos e a falta de acordo nos estados para destravar indicações expõem ainda mais as dificuldades na articulação política. Levantamento da consultoria Ética Inteligência Política, obtido pelo GLOBO, mostra que 20 postos ligados diretamente aos gabinetes dos ministros estão desocupados após quatro meses e meio de gestão — 11% do total de 178 cadeiras mapeadas. Pelo país, com o terceiro escalão sob disputa, o cenário ganha mais volume, com impasses em locais como Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Pará, Tocantins e Mato Grosso do Sul.

Em Brasília, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, chegou a anunciar publicamente o ex-deputado Neri Geller para a Secretaria de Política Agrícola, mas ele ainda não foi nomeado. No Ministério de Minas e Energia, houve a sinalização de que Inácio Melo, marido da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), comandaria o Serviço Geológico. A escolha, porém, ainda não foi oficializada. A indefinição dos cargos na pasta chegou a fazer com que o ministro Alexandre Silveira fosse cobrado a destravar indicações durante uma audiência na Câmara no início de maio.

No Ministério dos Portos e Aeroportos, comandado por Marcio França, há disputas pelas unidades estaduais das Companhias Docas — parte é cobiçada pelo PSB.

"O conselho de administração vai avaliar meu nome na terça-feira", contou o ex-deputado Denis Bezerra (PSB-CE), que deve assumir a função no Ceará.

Em Minas Gerais, dos 42 postos federais em jogo, de segundo e terceiro escalões, apenas seis foram efetivamente chancelados, entre eles um indicado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nomeado para o comando do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Postos nas Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa) e na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) são disputados por nomes do PSD, PT e MDB. O coordenador da bancada mineira, Luiz Fernando Faria (PSD-MG), esteve com o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e pediu para acelerar as nomeações.

Em Pernambuco, são 48 postos: 43 em disputa e apenas cinco com nomes sacramentados. MDB e PP miram suas fatias, e a ex-deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) deve assumir a presidência da Hemobras, vinculada ao Ministério da Saúde, em novembro, pois o cargo possui mandato.

No Pará, a reclamação de deputados é que o PT ficou com a maioria das cadeiras distribuídas até agora. Na lista estão as três chefias do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a gerência regional da Agência Nacional de Mineração e as superintendências dos ministérios do Trabalho, Pesca, além da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Agora, partidos da base, como MDB e PSB, tentam conquistar outros postos, a exemplo do comando do Banco da Amazônia.

PT age para derrubar nome de outros partidos

Além dos pedidos travados, o PT age em alguns casos para derrubar nomes de outras siglas, como na Codevasf da Bahia, comandada por um indicado do deputado Elmar Nascimento (União-BA). O órgão é o mais disputado entre os cerca de 35 postos federais do estado, em que há apenas seis nomes definidos. Há lacunas no Dnit e no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).

Outros partidos da base também brigam dentro dos estados para ter influência nas indicações. No Tocantins, por exemplo, os senadores Irajá Abreu (PSD) e Professora Dorinha Seabra (União Brasil) travavam desde janeiro uma queda de braço para indicar o comando estadual da Codevasf. A definição aconteceu apenas na semana passada, quando um apadrinhado de Dorinha teve a nomeação publicada no Diário Oficial. A senadora hoje é vice-líder de Lula no Congresso, mas apoiou Jair Bolsonaro em 2022.

Já o União Brasil protagonizou uma disputa no Mato Grosso do Sul que opôs duas filiadas. A ex-deputada Rose Modesto não tinha o apoio da senadora Soraya Thronicke, presidente da legenda no estado, para assumir um cargo no governo. Apesar disso, Modesto foi escolhida na semana passada para comandar a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), que controla um fundo de R$ 9,5 bilhões.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaGoverno LulaCongresso

Mais de Brasil

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua

STF forma maioria para manter prisão de Robinho