Agência de notícias
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 08h42.
Depois de várias tentativas para abrir um canal de negociação com os Estados Unidos, para evitar tarifas de até 50% nas exportações brasileiras, o governo Lula espera que o próximo movimento para a retomada do diálogo seja dado pela Casa Branca. A avaliação é que o Brasil já deixou claro que está disposto a conversar apenas sobre comércio, e não sobre a política interna.
Há contatos reservados entre representantes dos governos dos dois países. Junto com empresários dos diferentes setores afetados pelo tarifaço, negociadores brasileiros preparam uma resposta, a ser apresentada no próximo dia 18, aos questionamentos feitos por Washington relacionados a uma série de temas, com o acesso do etanol americano ao Brasil, a corrupção, o uso do Pix e o respeito à propriedade intelectual, com ênfase em medicamentos.
Porém, até agora os EUA não disseram claramente que produtos ou em que áreas pretende negociar com o Brasil. A única certeza é que Trump pressiona pelo fim do processo que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, o que é considerado inaceitável pelo Palácio do Planalto e o Itamaraty.
Uma notícia considerada positiva por interlocutores do governo brasileiro é a conversa que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, terá com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, na próxima quarta-feira.
A reunião, que deverá ser por telefone ou videoconferência, foi acertada, mesmo com o fato de o ministro do STF, Alexandre de Moraes, ter decretado prisão domiciliar para Bolsonaro.
O governo americano não gostou da medida tomada por Moraes e deixou isso claro, em uma publicação do Departamento de Estado nas redes sociais. O magistrado, que já é alvo de sanções pela Casa Branca, foi acusado de desrespeitar os direitos humanos no Brasil.
Haddad admitiu que pode discutir a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes. O próprio Bessent declarou que Bolsonaro é vítima de uma "caça às bruxas".
Desde 9 de julho, quando foi anunciada a sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros, alguns contatos de alto nível foram feitos, mas sem nada concreto.
O vice-presidente Geraldo Alckmin conversou algumas vezes com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e o chanceler Mauro Vieira esteve em Washington com o chefe da diplomacia americana, o secretário de Estado Marco Rubio.
Para o governo brasileiro, é fundamental a participação do representante comercial dos EUA, Jamieson Greer. A razão disso é que, de forma geral, as negociações com os EUA ocorrem sob o comando do chefe do USTR, pelo lado dos americanos.