Brasil

Governo liberou R$ 3,3 bilhões do orçamento secreto após prisão de Milton Ribeiro

Sob pressão no Congresso, Planalto já gastou R$ 5,8 bilhões do Orçamento antes de prazo final da legislação eleitoral

Milton Ribeiro: após prisão de ex-ministro, governo liberou R$ 3,3 bilhões do orçamento secreto (Catarina Chaves/MEC/Flickr)

Milton Ribeiro: após prisão de ex-ministro, governo liberou R$ 3,3 bilhões do orçamento secreto (Catarina Chaves/MEC/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 28 de junho de 2022 às 18h35.

Última atualização em 28 de junho de 2022 às 18h45.

O governo federal liberou em dois dias, logo após a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, R$ 3,2 bilhões do chamado orçamento secreto, mecanismo utilizado pelo Palácio do Planalto para contemplar parlamentares aliados em troca de apoio político.

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso. Tudo por menos de R$ 0,37/dia.

O número equivale a 20% do total previsto para este ano. A abertura dos cofres ocorre em meio a um cabo de guerra no Congresso Nacional: enquanto o governo enfrenta votações críticas na Câmara e no Senado, além da perspectiva de uma nova CPI, deputados e senadores também pressionam as lideranças pela liberação de recursos antes das eleições.

Após a prisão de Milton Ribeiro pela Polícia Federal no dia 22 de junho, o governo fez duas grandes liberações de recursos: no dia 23, empenhou R$ 1,7 bilhão. No dia seguinte, R$ 1,5 bilhão. Apenas no dia 15 de junho houve uma liberação maior: R$ 1,8 bilhão.

Nesse dia, o governo aprovou no Congresso a proposta que estabelece um teto do ICMS para combustíveis, projeto patrocinado pelo Planalto para tentar diminuir o preço da gasolina e do diesel.

Ao todo, o governo empenhou neste ano R$ 5,8 bilhões dos R$ 16 bilhões previstos. Mas líderes de bancada estão pressionando os presidentes do Senado e da Câmara, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL), para enviar todos os pedidos de emendas de relator ao governo antes do prazo final para os pagamentos, que vence no dia 2 de julho.

A partir desta data, devido à eleição, a União não pode mais pagar emendas. A retomada dos empenhos só será permitida em novembro, depois do pleito.

LEIA TAMBÉM: Bolsonaro diz que Milton Ribeiro foi "preso injustamente"

Mesmo com valores altos liberados nos últimos dias, a insatisfação continua, já que mais de R$ 10 bilhões dos R$ 16 bilhões previstos para o Orçamento de 2022 não foram empenhados até agora. A expectativa dos deputados e senadores é conseguir o máximo possível de liberações antes das eleições, para poder fazer anúncios em suas bases eleitorais.

Os congressistas acreditam que a restrição nos valores é uma estratégia de Lira e Pacheco para continuarem à frente da Câmara e do Senado, respectivamente, na próxima legislatura. Após a eleição, os dois poderão privilegiar deputados e senadores reeleitos e que, portanto, poderão apoiar ambos em 2023.

Até o momento, dos R$ 5,8 bilhões empenhados do orçamento secreto, a maior parte foi para a Saúde, 90% (R$ 5,2 bilhões). Diferentemente de outros anos, os repasses para estatais como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), não é tão grande: 1,38%, ou R$ 79,4 milhões.

A legislação eleitoral também proíbe a inauguração de obras no período eleitoral, o que dificulta o ganho eleitoral no repasse para esses órgãos.

Nesta terça-feira, o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou o pedido de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar suspeitas de corrupção na gestão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.

O requerimento conta com a assinatura de 31 senadores, quatro a mais do que o necessário. De última hora, ele conseguiu o apoio de mais três senadores: Marcelo Castro (MDB-PI), Confúcio Moura (MDB-GO) e Jarbas Vasconcelos (MDB-PE). Segundo um cruzamento feito pelo GLOBO entre os empenhos feitos pelo governo e as indicações do orçamento secreto, emendas dos três senadores foram contempladas desde o dia 22 de maio.

De acordo com Randolfe, existe a expectativa de chegar a 34 nomes, caso os senadores Otto Alencar (PSD-BA), Alexandre Silveira (PSD-MG) e Nelsinho Trad (PSD-MS) assinem o documento.

(Agência O Globo)

Acompanhe tudo sobre:Governo BolsonaroMilton RibeiroOrçamento federal

Mais de Brasil

STF retoma julgamento sobre ampliação do foro privilegiado; mudança pode impactar casos de Bolsonaro

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura