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Governo lançará programa para ampliar número de mulheres que pilotam aviões

Projeto prevê bolsas para formação de pilotos, que reservará 50% das vagas para mulheres

Avião se aproxima de aeroporto, em imagem de arquivo (AFP/AFP)

Avião se aproxima de aeroporto, em imagem de arquivo (AFP/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 21 de novembro de 2023 às 13h09.

Última atualização em 22 de novembro de 2023 às 09h00.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) deve lançar, em dezembro, um programa para ampliar a presença de mulheres na função de piloto de avião.

"Hoje somente 5% dos pilotos no mundo são mulheres. No Brasil, são 3%. É uma pauta muito forte para o setor, que quer crescer e não dá para deixar 50% da população para trás", disse Marcelo Bernardes, superintendente de Planejamento Institucional da Anac, durante o evento InfraESG Talks, realizado nesta terça, 21, na Arena B3, em São Paulo.

"A gente lançou internamente um programa, focado em um pilar social. Creio que agora em dezembro estamos fechando com o ministro o lançamento de um programa externo, chamado Asa para Todos, que tem três pilares: mulheres, diversidade e equidade e capacitação", prosseguiu Bernardes.

Na parte de mulheres, o projeto inclui bolsas de estudo para a formação de pilotos, que terá cota de 50% para mulheres.

A formação de pilotos tem custo bastante elevado e pode exigir mais de R$ 200 mil. A principal questão é que, depois de passar pela escola, o profissional precisa acumular centenas de horas de voo e obter certificações para poder pleitear um emprego nas empresas aéreas. Para acumular essas horas, que custam acima de R$ 750 cada uma, muitos aspirantes acabam tendo de pagar do próprio bolso.

O governo também negocia um estudo com uma universidade de Brasília sobre a participação de gênero e raça no setor de aviação de civil, que buscará identificar quais as barreiras de entrada que mulheres e outros grupos enfrentam.

O governo também trabalha na criação de uma ala no Museu da Aeronáutica, que destacará a participação das mulheres na história do setor.

A agência tem investido ainda no treinamento de profissionais de segurança para combater o preconceito, em situações como a passagem pelo raio x dos aeroportos, por exemplo.

No evento, representantes de outras agências federais falaram sobre ações para ampliar a participação das mulheres e como atingir outros objetivos ESG.

Na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), por exemplo, foi criada uma determinação para ampliar a presença de convidadas mulheres em eventos. "Fizemos um estudo da composição de painéis e eventos internos, e a composição majoritária era de homens. Hoje nenhum evento é realizado sem observar a paridade de gênero", disse Alexandre Freire, conselheiro-diretor da agência.

O objetivo é reforçar a presença de mulheres nos conselhos e comitês internos e nas superintendências regionais da Anatel.

"Em 19 anos de Antaq, eu fui a única diretora até agora", apontou Flávia Takafashi, diretora da Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Ela ressaltou que, além de ocupar espaço nas empresas, as mulheres também precisam ser consideradas em um cenário de mudanças climáticas. "Serão as famílias, as mulheres, a maioria delas, que sofrerão os efeitos", disse.

Takafashi disse ainda que a Antaq está fazendo um diagnóstico de como o setor portuário pode se adequar ao processo de descarbonização naval e adaptar a estrutura nacional para receber os novos tipos de navio, entre outros temas.

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