Angra dos Reis: governo federal mapeia ações para fazer de Angra uma "Cancún" brasileira (Masci Giuseppe/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de agosto de 2019 às 12h23.
Última atualização em 13 de agosto de 2019 às 12h28.
Uma delegação do Ministério do Turismo visitou Angra dos Reis, litoral sul fluminense, para fazer um levantamento de ações necessárias ao desenvolvimento do potencial turístico da região. A visita, na semana passada, foi a primeira ação do governo na área, onde o presidente Jair Bolsonaro declarou querer uma "Cancún brasileira".
Para isso, ele já falou em revogar a criação da Estação Ecológica de Tamoios. O ministro Marcelo Álvaro Antônio tem prevista para hoje reunião com o presidente, para apresentar o plano, avaliado em R$ 1 bilhão.
O grupo identificou cerca de 40 ações necessárias para estimular o turismo.
Entre elas estão duplicar a BR-101 no acesso ao município; construir um complexo turístico na Marina de São Bento para valorizar o centro da cidade; reativar um trem de passageiros que servia à região; construir uma usina de dessalinização da água; criar estações de tratamento de esgoto; ampliar a pista do aeroporto local, com a construção de um novo terminal de passageiros.
"Estamos levantando tudo o que é necessário em termos de infraestrutura, da nossa visão turística e do meio ambiente para colocar Angra entre os maiores destinos do mundo", afirmou o secretário executivo da pasta, Daniel Nepomuceno, à imprensa local, na sexta.
Para o prefeito de Angra, Fernando Jordão (MDB), a proposta não deverá ter impacto ambiental - temor já levantado por ambientalistas. A região tem várias áreas protegidas. Foi por isso que Ilha Grande, juntamente com Paraty, foi eleita Patrimônio da Humanidade da Unesco em julho na categoria de sítio misto (cultural e natural).
Na região de Tamoios, Bolsonaro foi multado em R$ 10 mil em 2012 quando era deputado. Estava em um barco com material de pesca, prática vetada na região. Negou irregularidades e recorreu. No fim de 2018, o Ibama anulou a multa, depois que a Advocacia-Geral da União alegou falta de amplo direito de defesa e reiniciou o processo. A punição prescreveu em 2019.
Além de problemas de saneamento e infraestrutura, dados do Instituto de Segurança Pública revelam alta de 51% nos homicídios dolosos em Angra em 2018. As quadrilhas migraram para o interior após a criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio.
Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio, Alfredo Lopes disse que iniciativas para o turismo são bem-vindas, mas que muitas ilhas de Angra já estão saturadas, justamente pela falta de infraestrutura para receber visitantes. "Um movimento enorme de lanchas e saveiros, milhares de visitantes em praias que não têm um banheiro, um salva-vidas, nada", afirmou.
"As pessoas querem ir para ver ilhas paradisíacas, a água transparente. Não podemos destruir isso. Tem de ser tudo muito bem planejado ou nossa Cancún vai virar um pesadelo."