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Governo do Brasil diz avaliar 'todas as possibilidades' contra tarifas de Trump

Em nota conjunta, MDIC e Itamaraty afirmam que imposição de tarifa adicional de 10% ao Brasil "não reflete a realidade"

 (Brendan Smialowski/AFP)

(Brendan Smialowski/AFP)

Publicado em 2 de abril de 2025 às 20h25.

O governo brasileiro afirmou, nesta quarta-feira, 2, que "avalia todas as possibilidades de ação" contra o pacote de tarifas de importação dos Estados Unidos. De acordo com anúncio feito hoje pelo presidente americano Donald Trump, sobre o Brasil será alvo de uma taxa de 10% sobre suas importações, com algumas exceções.

Em nota, os ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e das Relações Exteriores (MRE) lamentaram a decisão, destacando a medida, – assim como as demais tarifas já impostas em 12 março de 25% sobre os setores de aço, alumínio e automóveis –, como uma "violação aos compromissos dos EUA perante a Organização Mundial do Comércio (OMC)".

Segundo o governo, o tarifaço "impactará todas as exportações brasileiras de bens para os EUA".

"O governo brasileiro avalia todas as possibilidades de ação para assegurar a reciprocidade no comércio bilateral, inclusive recurso à Organização Mundial do Comércio, em defesa dos legítimos interesses nacionais", afirma em nota.

O documento destaca, com base em dados do governo norte-americano, que o superávit comercial do país com o Brasil, em 2024, foi da ordem de US$ 7 bilhões, somente em bens. Somados bens e serviços, o superávit chegou a US$ 28,6 bilhões no ano passado. "O terceiro maior superávit comercial dos EUA em todo o mundo", afirmam o MDIC e o Itamaraty.

"Uma vez que os EUA registram recorrentes e expressivos superávits comerciais em bens e serviços com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos, totalizando US$ 410 bilhões, a imposição unilateral de tarifa linear adicional de 10% ao Brasil com a alegação da necessidade de se restabelecer o equilíbrio e a 'reciprocidade comercial' não reflete a realidade", destaca o documento.

Com a imposição das tarifas, o governo também afirmou que buscará, em consulta com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais e que, ao mesmo, também seguirá aberto ao diálogo com os EUA.

Nesta terça, 1º, o Senado aprovou um projeto de lei que autoriza o governo a retaliar países ou blocos que imponham barreiras comerciais a produtos brasileiros. O texto é agora analisado pela Câmara e deve reforçar a reação do Brasil.

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