Brasília - Ante o aumento da preocupação mundial com a epidemia de ebola, o governo brasileiro está reforçando, a partir de hoje (8), os procedimentos em portos e aeroportos para a identificação de casos suspeitos e ativando um centro de operações de emergência para monitorar as informações sobre a doença no Brasil e no mundo.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, descartou qualquer suspeita de casos de ebola no Brasil e considerou “improvável” a entrada de alguma pessoa infectada no país.
"Não há risco de proliferação da doença no nosso país, neste momento", frisou.
Segundo ele, na hipótese de alguma pessoa vinda dos países em que está ocorrendo o surto chegar ao país com sintomas da doença, ela será isolada e levada a hospitais de referência.
“O Brasil tem seguido todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde. É fundamental entender que a elevação do quadro de emergência internacional significa um alerta mundial para manutenção da cooperação internacional para que se restrinja o problema aos países que estão tendo o surto”, disse Chioro.
Como precaução, o governo ativou o Nível 2 do Centro de Operação de Emergência em Saúde. Nesse nível uma equipe fica em alerta para agir na eventualidade de um caso suspeito da doença.
“O Nível 0 é de monitoramento de casos infeccioso no Brasil e no mundo. O Nível 1 é quando estão ocorrendo casos no Brasil que possam exigir a presença de equipes do ministério”, explicou o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.
O secretário disse que não há restrição de viagem aos países afetados.
Segundo ele, a restrição é apenas para pessoas que queiram sair dos países do Oeste da África, onde está localizado o surto.
Em Serra Leoa, Guiné-Conacri e Libéria as autoridades fazem triagens nos aeroportos para evitar que pessoas que tiveram contato com doentes deixem os países.
O ministro da Saúde recomendou que profissionais de saúde brasileiros só viagem para as áreas afetadas em missões oficiais do Brasil ou da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Apesar do baixo risco da entrada de pessoas contaminas no Brasil, o Ministério da Saúde fará, como prevenção, a partir de amanhã (9) um alerta no aeroportos para os viajantes internacionais que possam estar com sintomas de febre, diarreia, tosse e hemorragia para procurarem as autoridades de saúde.
Barbosa ressaltou que a contaminação do ebola se dá pelo contato com sangue, órgãos ou fluídos corporais de animais infectados.
A transmissão de humanos para humanos ocorre através do contado direto com sangue e fluídos corporais dos doentes ou mortos.
“A transmissão só se inicia após o início dos sintomas. Pessoas em estágio de encubação não transmitem o vírus”, ressaltou o secretário.
De acordo com o Ministério da Saúde, o período de incubação do vírus é de um a 21 dias, sendo que os sintomas da doença surgem na maioria dos casos entre 7 e 14 dias após a contaminação.
Uma das característica do ebola é que o início é abrupto e a doença se agrava rapidamente. Não há medicamentos específicos ou vacina e a letalidade é 68%.
Barbosa alertou que não há necessidade de temor da doença no brasil, principalmente porque a transmissão só ocorre por contato direto com doente.
“Quem corre o maior risco nos surtos da África são os profissionais de saúde, parentes, vizinhos e membros da mesma comunidade. Não há porque ter preconceito contra uma pessoa vinda da África do Sul, por exemplo. Isso acaba criando pânico e preocupação exagerada.”
O ministro da Saúde reforçou que o aumento dos cuidados estão sendo tomados por precaução para que eventualmente uma pessoa em viagem internacional não se descuide caso apresente sintomas que possam estar associados ao ebola, caso ela tenha passado por países onde está havendo o surto.
O Ministério da Saúde informa que, de dezembro de 2013 a 4 de agosto deste ano, foram notificados no mundo 1.711 casos da doença (1.070 confirmados, 436 prováveis e 205 suspeitos) e 932 mortes.
Para ajudar no combate ao vírus no Oeste da África, o governo brasileiro fará uma doação de R$ 1 milhão para a OMS, além de cinco kits de medicamentos e material médico para Serra Leoa e cinco para Libéria, totalizando 15 toneladas.
Quatro já foram enviados para Guiné-Conacri.
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1. Surto de bactéria assusta europeus
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1/5 (Patrick Lux/AFP)
São Paulo - Poucas coisas são capazes de provocar pânico coletivo com tanta eficiência quanto um surto de doença infecciosa grave, principalmente se o grau de contágio for alto. Na última década, o mundo experimentou doses variadas de preocupação com doenças como a gripe suína e a aviária, e o pânico diante de uma possível epidemia. Atualmente uma das maiores dores de cabeça da Organização Mundial de Saúde (OMS) tem sido um surto da bactéria Escherichia coli (E.coli). A infecção, que causa disenteria severa e hemorragias no trato gastrointestinal, já atingiu mais de duas mil pessoas em 12 países, causando 15 mortes. A OMS classificou o surto como “muito grave”. Pesquisadores europeus correm para encontrar a causa das infecções. Entre as especulações estão brotos de feijão, mas hipóteses como pepinos e outras hortaliças foram levantadas. Até agora, nada foi comprovado. Embora não haja risco de um contágio generalizado, o surgimento de mais e mais novos casos preocupa a população europeia da mesma forma como em outros célebres casos de doenças. Da epidemia de Ebola, nos anos 1970, à gripe aviária, relembre quais foram os últimos grandes casos de doenças que ameaçaram países, continentes inteiros, e o mundo todo.
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2. Ebola - a epidemia que virou até filme
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2/5 (Wikimedia Commons)
São Paulo - O vírus ebola foi descoberto nos anos 1970, por uma equipe de pesquisadores belgas. Ao infectar humanos, ele provoca febre hemorrágica e torna deficiente a coagulação do sangue. O conjunto de sintomas compromete os os órgãos vitais em poucos dias. Os principais surtos da doença ocorreram ao longo dos anos 1970, no meio da década de 1990, e entre 2000 e 2001, sempre na África. Não houve casos de infectados fora do continente. Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 1800 pessoas foram contaminadas, e cerca de 1200 morreram. A maior parte dos casos foi registrada no antigo Zaire, atual República Democrática do Congo, mas também houve casos no Gabão e em Uganda. Embora não haja casos de Ebola fora do continente, a violência da doença e o elevado grau de mortalidade mexeram com o imaginário das pessoas no mundo todo. Escritores lançaram diversas obras de ficção que com histórias sobre possíveis pandemias do vírus. Um exemplo é o livro Vírus, do escritor americano Robin Cook. A doença também foi citada no cinema, com o filme Epidemia (Outbreak), de 1995, embora o vírus da ficção tivesse um nome diferente.
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3. SARS assombrou leste asiático
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3/5 (Getty Images)
São Paulo - Uma epidemia de síndrome respiratória aguda grave (SARS, na sigla em inglês) assombrou o leste e o sudeste da Ásia em 2003. Entre novembro de 2002, quando os primeiros casos foram registrados na China, e setembro de 2003, a doença afetou mais de 8,4 mil pessoas, causando mais de 900 mortes. Segundo a médica infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Nancy Bellei, a doença foi causada por um vírus conhecido como coronavírus, originalmente parasita do morcego. Os sintomas dos infectados são os mesmos de uma pneumonia, mas mais intensos. Apesar de a SARS ter se manifestado mais intensamente na Ásia, alguns casos foram registrados também no Canadá, o que aumentou o temor de uma pandemia. De acordo com Nancy, boa parte do medo tem a ver com a rapidez de transmissão da doença entre os humanos, principalmente em ambientes fechados. A Organização Mundial de Saúde temia que o vírus se espalhasse com o grande número de turistas que circulavam pela China. Na foto ao lado, um único turista ocidental aparece em um voo comercial com destino a Pequim, em 2003.
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4. Gripe aviária - ameaça não concretizada
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4/5 (Getty Images)
São Paulo - Em 2003, foram identificados os primeiros surtos de uma doença que ficou conhecida como gripe aviária. A doença começou a se espalhar, principalmente pelo sudeste asiático, dois anos depois, e chegou a atingir a Europa e a América do Norte. Causada pelo vírus influenza, do tipo H5N1, a gripe aviária gera os mesmos sintomas de uma comum, mas mais intensos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, entre 2005 e 2011, foram registrados 555 casos da gripe no mundo, com 324 mortes. A doença foi detectada sempre em pessoas que tinham contato mais próximo com aves. Embora humanos tenham sido contaminados, os pesquisadores não encontraram evidências de que o vírus seja transmitido de uma pessoa para outra, apenas de aves para humanos. Segundo a infectologista Nancy Bellei, da Unifesp, a gripe aviária é uma “ameaça que não se concretizou. O grande risco é que o vírus sofra uma mutação e comece a ser altamente transmissível entre humanos. Até hoje novos casos da gripe continuam aparecendo, mas ela ainda não se espalhou”, afirma.
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5. A pandemia da gripe suína
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5/5 (Getty Images)
São Paulo - A lembrança mais recente que se tem de uma doença que causou pânico no mundo é a da temida gripe suína. Causada pelo vírus influenza H1N1, a doença teve seus primeiros casos registrados em 2009. Esta foi uma autêntica pandemia, ou seja, houve casos simultâneos de pessoas infectadas nos cinco continentes. Nancy Bellei, infectologista da Unifesp, explica que o H1N1 representou uma ameaça porque circulou com uma velocidade elevada, como outros vírus do tipo influenza. Apesar de não ser extremamente letal, a gripe suína fez centenas de vítimas, principalmente entre os mais idosos. Ainda há casos isolados da doença, mas a Organização Mundial de Saúde classifica o atual período como “pós-pandêmico”.