Campanha de vacinação contra covid-19 (Stephane Mahe/Reuters)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 5 de agosto de 2021 às 12h29.
Última atualização em 5 de agosto de 2021 às 14h27.
O governo de São Paulo disse, nesta quinta-feira, 5, que a data de início de vacinação contra a covid-19 de adolescentes e de crianças, entre 17 e 12 anos, previsto para o dia 18 de agosto, está "em aberto" até que o repasse de doses pelo Ministério da Saúde seja normalizado.
A decisão veio após a gestão paulista acusar o governo federal de enviar um lote 50% menor de doses da Pfizer. O Ministério da Saúde diz que a distribuição é feita de forma igualitária, e que precisou compensar um envio extra que fez em lotes anteriores.
Atualmente, somente a Pfizer tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicação em crianças e adolescentes. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, o vacinação de adultos não será afetada.
"A data de vacinação de adolescentes está em aberto até que o governo federal regularize e garanta o envio da proporcionalidade de vacinas que vem sendo feito", disse Eduardo Ribeiro, secretário executivo da Secretaria de Estado da Saúde em entrevista coletiva nesta quinta-feira, 5.
Nas contas do governo paulista, nesta semana foram entregues somente metade das doses a que o estado teria direito. Havia a previsão de receber 456.000 doses do megalote de vacinas da Pfizer, que estão chegando diariamente ao país, mas o estado só recebeu 228.000.
"A quantidade foi reduzida pela metade e quebra o pacto federativo. Com menos vacinas da Pfizer, o Ministério da Saúde compromete o calendário de imunização de crianças e adolescentes previsto para começar no dia 18 de agosto", disse o governador João Doria (PSDB) em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes no começo da tarde de quarta-feira, 4.
O governo de São Paulo decidiu questionar na Justiça o Ministério da Saúde sobre o envio de doses de vacinas ao estado. De acordo com a Procuradora-Geral de São Paulo, Lia Corona, o questionamento será feito baseado no histórico de que o estado sempre recebeu pouco mais de 20% de vacinas do total que o país dispunha.
Nesta quinta-feira, 5, o secretário executivo da Secretaria de Estado da Saúde explicou que desde o primeiro carregamento enviado pelo Ministério da Saúde, São Paulo recebeu pouco mais de 20% - equivalente à população - do total de doses disponíveis no país. Mas que este último envio foi só de 10%.
No fim da tarde de quarta-feira, 4, o Ministério da Saúde convocou uma coletiva de imprensa para explicar o que tinha ocorrido. De acordo com o secretário executivo da pasta, Rodrigo Moreira da Cruz, nenhum estado tem uma cota fixa de vacinas.
Cada distribuição é feita levando em conta o grupo que é vacinado naquele período e que este valor é acordado em reunião conjunta com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde e com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde.
"Não há prejuízo ao estado de São Paulo. Queremos ter uma imunização equânime. Alguns estados receberam imunizantes por decisão judicial ou por questão de fronteira. Todos os estados se veem representados no debate da distribuição e a pauta não é fechada. Isso é levado para a discussão com os secretários municipais e estaduais da Saúde. Não há que se falar em percentual fixo e cada unidade da Federação recebe valores diferentes porque tem uma diferença de população", disse o secretário executivo.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, em lotes anteriores, São Paulo fez uma retirada maior do que o previsto e, por conta disso, precisou fazer uma compensação agora. Em uma ocasião, por exemplo, retirou 678.000 doses de vacinas, sendo que deveria retirar 620.000. O governo federal ainda vai analisar o pleito do governo paulista para receber mais doses.
O governo de São Paulo admite que houve estas diferenças para mais, mas que foram pontuais e que não justificaria um envio menor tão grande agora.
Essa adiamento na vacinação de adolescentes e crianças não afeta o calendário de adultos, uma vez que há outros imunizantes disponíveis. A previsão é imunizar, com pelo menos a primeira dose, toda a população adulta, com até 18 anos, até o dia 16 de agosto.
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