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Governo de SP estima haver 100 mil infectados pelo coronavírus no Estado

Os casos confirmados oficialmente somam 8.895 pessoas infectadas, chegando a um total de 608 mortes

Coronavírus: São Paulo tem subnotificação de casos e número de contaminados pode ser bem maior que o oficial (Rahel Patrasso/Reuters)

Coronavírus: São Paulo tem subnotificação de casos e número de contaminados pode ser bem maior que o oficial (Rahel Patrasso/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de abril de 2020 às 16h26.

Última atualização em 14 de abril de 2020 às 16h45.

O governo de São Paulo divulgou estimativa, nesta terça-feira, 14, de que já chega a 100 mil o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus no Estado. Entre os casos confirmados, são 8.895 pessoas infectadas, chegando a um total de 608 mortes.

A estimativa foi feita pelo secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, ao ser questionado sobre a subnotificação de caso.

"Pelas próprias características da covid-19, no seu contingente total de casos confirmados, 20% irão para o atendimento hospitalar. São esses que estão testados aqui", disse o secretário, referindo-se ao total de testes que aguardam confirmação para a doença e que estão sendo feitos em uma rede de clínicas coordenadas pelo Instituto Butantan.

O instituto tem uma fila de cerca de 20 mil testes, e está recebendo nesta terça uma carga de mais de 726 mil exames, vinda da Coreia do Sul, para tentar reduzi-la.

"Então, se você for pensar em uma epidemia do ponto de vista global, são cinco vezes o que está internado, porque o índice de 20% internado faz parte da própria patologia."

Germann continuou: "Se hoje nós temos 20 mil pessoas internadas, temos 100 mil acometidos da patologia. Porém, todos esses 80% não aparecem porque, primeiro de tudo, eles não apresentam sintomas, não apresentam necessidade de tratamento, muito menos de tratamento hospitalar."

No momento, São Paulo tem 1.878 pessoas internadas por causa da covid-19, metade delas em UTIs, segundo o secretário Germann.

Alguns hospitais da cidade de São Paulo estão com mais de 70% dos leitos de UTI ocupados: Hospital Sancta Maggiore Higienópolis (83%), Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (77%), Hospital Municipal do Tatuapé (77%), Conjunto Hospitalar do Mandaqui (76%) e Santa Casa de São Paulo (71%).

O presidente do Butantan, Dimas Covas, destacou que esse total de casos confirmados se dá como resultado do isolamento social praticado há duas semanas, quando a crise começou. Mas que esse número poderá crescer dentro das próximas duas semanas, caso o isolamento seja relaxado.

Esses 80 mil possíveis infectados, se não permanecerem em casa, poderão fazer com que a doença continue se espalhando.

"A subnotificação existe e vai existir em todos os países do mundo", afirmou Covas, ao destacar que os exames mostram "o retrovisor", trazendo à luz o total de pessoas que se infectaram adoeceram e foram testadas. "Precisamos adiantar os testes para ter uma visão da realidade", disse, ao apontar, por outro lado, que é importante acompanhar as projeções da evolução da doença, sendo que elas é que podem indicar que medidas precisam ser adotadas para evitar o colapso do sistema de saúde.

Até o fim do mês, outros 500 mil exames vindos da Coreia do Sul devem chegar ao Butantan. Estado estima queda de R$ 10 bilhões na arrecadação

Na entrevista coletiva, conduzida pelo governador João Doria (PSDB), o vice-governador Rodrigo Garcia (DEM) apresentou dados sobre a situação fiscal do Estado diante da epidemia.

A queda na arrecadação de impostos deve chegar a R$ 10 bilhões, segundo números apresentados por Garcia, nos próximos três meses. O principal tributo, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), deve comprometer também a receita de municípios.

Doria editou dois decretos estaduais hoje, restringindo pagamentos de décimo terceiro antecipado e férias de servidores, e proibindo novos contratos em setores não relacionados à doença.

Essas ações, somadas a outras medidas já adotadas, como a suspensão do pagamento da dívida estadual com a União, devem resultar em uma economia de pouco mais de R$ 8 bilhões neste ano.

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